Dos oceanos para as quadras: projeto da FIVB quer transformar redes de pesca em redes de vôlei

Em parceria com ONG holandesa, Federação Internacional de Vôlei lança projeto no Brasil que visa mundialmente conscientizar a poluição dos oceanos e trazer alternativa para a reutilização das redes abandonadas

Por Globo Esporte,

Foto: Divulgação

A mensagem estampada em uma das três redes montadas na Praia do Leme, no Rio de Janeiro, traz o alerta: 640 milhões de toneladas de equipamentos de pesca são abandonados nos oceanos a cada ano, destruindo a vida marinha. No meio das redes, simbolicamente representados pela cor azul, animais marinhos como a tartaruga, a baleia e o golfinho sinalizam a vida animal prejudicada pelo lixo que a cada ano cresce nos oceanos. Com o intuito de promover uma alternativa para as redes de pesca abandonadas, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) lançou esta semana no Brasil o projeto "Good Net" - ou, na tradução livre, "rede legal". As redes fantasmas serão transformadas em redes de vôlei. Clique e saiba mais sobre o projeto.

- Sabemos do problema que o planeta enfrenta com animais mortos por redes jogadas no oceano, então fico muito feliz de ser o porta-voz da Federação Internacional de Vôlei neste projeto que pretende conscientizar principalmente os pescadores. A importância dessas redes não serem deixadas no oceano. Vai perder uma rede? Vamos tirar ela de lá - disse, empolgado, o campeão olímpico Giba.

A iniciativa veio da Federação quatro meses atrás, quando firmou parceria com a ONG holandesa Ghost Fishing (na tradução, "Pesca Fantasma"), que desde 2012 recolhe com a ajuda de mergulhadores as redes abandonadas por pescadores nos oceanos. O material recolhido é lavado, separado, e a parte boa é transformada em nylon, muito usada em vestimentas. Agora, com a FIVB, o intuito é promover mundialmente uma ação que pode contribuir para a diminuição dos lixos e ainda contribuir para o esporte.

- Retiramos as redes do mar, e as partes boas são usadas para redes de vôlei. É simples assim! - brincou Pascal Van Erp, fundador da ONG holandesa. Ele também explicou que os próprios pescadores transformam as redes de pesca em redes de vôlei.

Para o lançamento mundial do projeto, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida por representar o templo do vôlei de praia no Brasil. Com a presença de medalhistas olímpicos, como as jogadoras Adriana Samuel e Sandra Pires, os atletas interagiram com cerca de 75 crianças do projeto Viva Vôlei do Chapéu Mangueira e de Rio das Ostras. Além da clínica de vôlei com grandes nomes do esporte, as crianças aprenderam como funciona o trabalho dos mergulhadores no fundo do mar e o prejuízo das redes para a vida marinha.

- Se você vê um barco de pesca, existe uma rede perdida no fundo do mar. Infelizmente a única forma de recolhe-la é com a ajuda de mergulhadores, por isso o trabalho é tão difícil - explicou Bas Poelmann, um dos membros da ONG. O intuito é promover mundialmente o projeto em eventos de vôlei e conseguir arrecadar fundos para dar continuidade na reutilização das redes.


Crianças do projeto Viva Vôlei aprendem como funciona o trabalho dos mergulhadores dentro do mar — Foto: Divulgação 

Para os mais experientes no assunto, as redes de vôlei estão aprovadas. Entre os jogadores que bateram uma bola nas areias da praia do Leme, o campeão olímpico em Atenas 2004 Emanuel estava feliz em compartilhar a experiência com outras crianças.

- Como atleta, acho fantástico a gente unir o esporte com a proteção ambiental. Saber que essa rede protegeu o meio ambiente. Vale muito mais a pena jogar com ela - ressaltou o atleta.

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