Uma grande quantidade de carga de alimentos foi apreendida pela Polícia Civil durante este final de semana, em Teresina e nas cidades de Caxias e Timon, no Maranhão. Depois de investigações, foi descoberto pela polícia um esquema que envolve compra e venda de alimentos adquiridos de forma ilícita. O esquema foi inicialmente descoberto em Caxias, quando um carregamento foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ

A primeira abordagem aconteceu na sexta-feira (15), na cidade de Caxias, no Maranhão, onde, segundo a Secretaria de Segurança, o carregamento apreendido era proveniente de um roubo de carga de leite que aconteceu na cidade de Imperatriz, no Maranhão. 

Foram presos Francisco da Silva Coelho Filho e Luís Carlos da Silva Coelho, que conduziam as cargas roubadas em Caxias. 

Lindomar Rocha (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

“A PRF numa equipe sexta-feira abordou um veículo e dentro desse veículo tinha uma grande quantidade de cargas que identificamos posteriormente que era de origem de furto e roubo. A equipe solicitou a documentação da carga e o condutor não portava essa documentação e aí pelos indícios tentamos localizar o local onde ele carregou a carga”, explica o inspetor da PRF, Lindomar Rocha. 

De acordo com o inspetor, foi solicitado que o motorista informasse o local onde o carregamento foi feito, chegando entao a polícia a um depósito na cidade de Caxias, onde além da carga identificada como o produto de roubo, diversos outros produtos de origem de outras cargas roubadas em vários pontos do país também foram encontrados. 

Segundo o inspetor, o valor em produtos encontrados no depósito em Caxias supera R$ 2 milhões.

Delegado Daniel Pires (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

As diligências avançaram para Teresina, onde, segundo o delegado Daniel Pires , sua equipe foi acionada para auxiliar a PRF em uma diligência em um segundo depósito, denominado Futura, no Bairro São João, sendo o gerente do local Francisco de Assis Costa Filho.

“Encontramos lá grande quantidade de café e leite. Verificando o número de lote do leite, verificamos que esse leite, aproximadamente 500 fardos, tinha sido proveniente de uma carga roubada na cidade de Imperatriz, no Maranhão. Olhando os outros produtos a gente percebeu que o café fazia parte de um lote de uma carga roubada no estado de Minas Gerais”, explica o delegado.

Segundo o delegado, foram iniciadas investigações que apontaram Francisco de Assis sendo ligado a um segundo depósito, o DN Depósito, desta vez na cidade de Timon, no Maranhão. 

“Iniciando as investigações descobrimos que o proprietário desse armazém possuía outro galpão na cidade vizinha de Timon. Chegando nesse novo galpão, a gente percebeu que havia 700 fardos de leite da marca Camponesa. O que nos causou estranheza foi que há 10 dias houve roubo de carga de leite camponesa na cidade de Valença do Piauí. Consultando o lote que lá se encontrava, verificamos que era oriundo da carga de Valença”, explica.

O delegado contou que na noite de sábado (16) sua equipe recebeu uma informação de que as cargas roubadas na cidade de Valença do Piauí e Imperatriz poderiam estar um galpão, o Atacadão do Bosco, que fica localizado na Avenida Presidente Kennedy e é de propriedade do advogado Regis Gomes Noronha Mota.

Foi representado um pedido de busca e apreensão no local, onde, segundo o delegado, o pedido foi aceito horas depois. As diligências no local aconteceram então pela manhã do domingo (17).

Segundo o delegado, as mercadorias são comercializadas por uma mesma pessoa.

“Descobrimos dentro do galpão Kenedy o restante carga que havia sido roubada em Imperatriz, de marca chamada Leite Bom. O que causa espanto é que todas essas cargas foram vendidas pela mesma pessoa, então a gente vai agora atrás dessa pessoa pra saber quem é”, explica.

Troca de carga em veículo

De acordo com o delegado, outra coisa que chamou a atenção da equipe no galpão do advogado Regis Gomes é que foi encontrado no local marcas de café, como Caboclo e Odebrecht, que não são comercializadas em nenhum local do Piauí.

“Indagamos sobre a nota, não apresentou nenhuma, nem leite roubado em Imperatriz nem desse café. Perguntando de quem teria adquirido o café, ele disse que teria adquirido da mesma pessoa do leite, só que teria trocado o café por veículo da marca BMW, que é avaliado em R$110 mil reais", explica o delegado. 

A troca teria acontecido em abril do ano passado.

“Diante dessa grande quantidade de café, e já sabendo que houve roubo de carga em Minas Gerais, me chamou atenção, só que não era da mesma marca. Então a gente ainda vai averiguar, não estou afirmando que esse café é de produto de origem ilícita, mas estou afirmando que há indícios por que a mesma pessoa que vendeu todas as cargas roubadas trocou essa mercadoria na BMW", acrescenta o delegado.

Segundo o delegado, o vaículo já foi localizado e não está no estado do Piauí. Caso aceito o pedido de busca e apreensão, a equipe irá apreender o vaículo.

De acordo com o coordenador da Greco, Tales Gomes, os empresários recebiam essa mercadoria de forma dolosa, visto que não eram apresentadas nenhuma documentação.

“Os três flagrantes serão juntados em uma ação para apurar a responsabilidade de outros empresários que estão atuando na receptação e venda de cargas roubadas no Piauí no Maranhão. O somatório do preço adquirido, falta de nota fiscal ou até mesmo notas fiscais frias indicam que os empresários tinham conhecimento e estavam faturando dinheiro alto com carga roubada. Os três flagrantes vão ser juntados em um único procedimento a fim de expandir a investigação visando identificar mais pessoas que estejam atuando nesse ramo de comercialização de carga roubada”, explica o delegado.

Francisco de Assis Costa Filho foi detido, mas depois foi solto sob medidas cautelares durante audiência de custódia. De acordo com o delegado Daniel Pires, Regis Gomes Noronha Mota também foi preso mas deve ser posto em liberdade durante a audiência de custódia. Os dois foram autuados por receptação de forma qualificada.