O adubo anti-Bolsonaro

O adubo anti-Bolsonaro

A divulgação “da fita” da reunião de Bolsonaro com seu gabinete causou em aliados do presidente uma certa sensação de alívio, porque o presidente teria expressado exatamente aquilo o que é: uma pessoa sem filtros, que diz palavrões e que, no frigir dos ovos, não deseja o mal do país. Isso já apressou boa parte dos apoiadores a antecipar uma reeleição de Bolsonaro, quando ele ainda nem chegou à metade do segundo ano de mandato e, mais do que isso, sabendo-se que o que resta a atravessar será sob os escombros dos ganhos econômicos minguados que vinham sendo obtidos desde o mandato de Michel Temer. Não parece razoável falar de ganhos político-eleitorais para Bolsonaro no dia seguinte à divulgação de uma reunião presidencial em que disseram mais impropérios que em uma conversa de botequim. Foram mais de 40, segundo quem teve paciência para contar e dessas palavras de baixo calão, Bolsonaro teria pronunciado 34. Do mesmo modo, achar que o presidente está batido por antecedência é outra postura infantil, já que, em última análise, carece de sondagens de opinião pública para se medir e pesar o grau de ganhos ou estragos que o vídeo causou à imagem do presidente e ao seu capital político, que, como todos sabem, é menor do que os 57 milhões de votos obtidos em 2018, mas ainda grande o bastante para desanimar a oposição (e uma parcela já considerável dos controladores do PIB) a decidir pôr o pescoço dele a prêmio na guilhotina do impeachment ou via processo judicial com aprovação pelo Senado. Esse é exatamente o ponto que deve considerar mais no atual momento: se não encaixar a denúncia do ex-ministro Moro, a reunião ministerial cria complicações legais e institucionais ao presidente. Ademais, os diálogos, impropérios e pouco-caso com as relações institucionais de poder podem servir como um excepcional fertilizante para o crescimento de um movimento oposicionista que, se não resultar no encurtamento do mandato do presidente, vai lhe custar dificuldades ainda maiores para governar, sobretudo no Congresso, onde a conta ou pode ser paga com os favores já amplamente conhecidos e que o presidente diz abominar, ou com o aumento da bancada dos que podem mandar Bolsonaro para o olho da rua.

Senador Fernando Collor prevê dias difíceis para Bolsonaro se ele não conseguir folga da base de sustentação no Congresso Nacional (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Te alui, Ibanês!

O governador Ibaneis Rocha, um brasiliense da gema, precisa tomar uma atitude – que seja institucional – contra o que disse de Brasília e de sua gente, o atoleimado ministro Abrahan Weintraud. Chamou todos de bandidos.
Ninguém merece.

Opinião de Collor

Como que dando conselhos à distância a Bolsonaro ou vaticinando o seu fim, o senador Fernando Collor:
“O mandato de Bolsonaro, a continuar do jeito que ele está conduzindo o governo, não vai dar certo”.
Collor alerta para a negociação com o Centrão, dizendo que o ‘toma lá dá cá não se faz à luz do dia.

O voo da queda

Apeado do governo, pelo processo do impeachment, Collor diz que incorreu no mesmo erro que Bolsonaro está incorrendo, não construiu uma base de sustentação no Congresso.
Collor só faltou dizer, em entrevista à CNN, que para cair, perder o mandato, falta Bolsonaro pilotar um jato da FAB.
Porque de Jetski, como fez Collor em 1992, Bolsonaro andou dias atrás, no mesmo lago Paranoá, em Brasília.

Bancas fechadas

Firmino Filho e Wellington Dias estão mantendo fechadas bancas de jornais e revistas. O que é uma grande maldade, porque, afinal, são elas as distribuidoras das publicações diárias de jornais locais e nacionais.
Não tem sentido bancas tradicionais como do Joel, do Zezinho do Aeroporto, do Tomaz, do Assis Paiva (São Cristovão, ao lado do Pão de Açúcar da Homero), e tantas outras fiquem fechadas quando não se proíbe a produção de jornais e revistas.

Cabeçudos

São Paulo, Rio e cidades grandes, onde a pandemia é muito mais assustadora, permitem o funcionamento de bancas de jornais.
O que deu na cabeça do governador e prefeito em entender de proibir que esses espaços abram?
Pela própria situação, os donos das bancas sabem muito bem atender aos clientes sem permitir aglomerações.

Essencial

Jornalismo é serviço essencial e não para por causa da quarentena.
Logo, o jornaleiro, também não.

Guarda Municipal e PM durante fiscalização (Foto: divulgação)

Abrindo

A Guarda Municipal de Teresina e a Polícia Militar não têm pernas para dar conta de fechar todos os estabelecimentos comerciais e de serviço que estão funcionando por toda a cidade. Cada um com seu próprio protocolo sanitário – que inclui reduzir aglomeração, uso de máscaras, higienização de pessoas e objetos.

Passo atrás

Como as pessoas começam a agir por conta própria, de modo que possam voltar às suas atividades, parece bem lógico que a prefeitura e o governo do estado estão um passo atrás nesse ponto. Isso porque já deveriam estar, sim, discutindo a reabertura das atividades comerciais e de serviços com protocolos únicos e rígidos de funcionamento.

Conversa

Firmino Filho e Wellington Dias já deveriam ter chamado líderes dos diversos setores da economia para uma conversa.
É preciso que o governo e empresas cheguem a termo sobre que setores como, quando e de que maneira devem retomar as atividades.

Construção civil

Veja-se o caso da construção civil: obras estão paralisadas e operários em inatividade. Isso no mundo legal, porque na informalidade há serviços sendo feitos por toda a cidade.
Pode ser um exagero usar como exemplo uma ocupação de terras ao longo da avenida Poti, na zona Norte, mas lá centenas de pequenos barracos foram erguidos à luz do dia. É, até onde se sabe, construção, inclusive com um crescente comércio de material de construção.

Paulo Guedes, ministro da Economia (Foto: Marcello Casal / Agência Brasil)

Alô, Sebrae!

A coluna quer saber o que os dirigentes do Sebrae têm a dizer sobre a seguinte frase: "Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”?
Ela foi dita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes durante a reunião ministerial do dia 22 de abril.

Filiação

Para os incautos que acham que o cientista político e professor Washington Bonfim continua com ficha no Progressistas, vai daqui a informação: ele está filiado é ao PSDB. A mudança de partido parece ter sido feita na moita, bem longe dos curiosos.
Tem rumo, pois, a especulação de que ele pode ser o candidato que agrada a Firmino e a Ciro Nogueira.

Sem licitação

Já passam de 100 as compras feitas com dispensa de licitação pela Secretaria da Saúde. O valor das aquisições não é possível definir, mas se contam em dezenas de milhões de reais, porque o custo médio das compras é de alguns milhões de reais, como os R$ 568 mil pagos à empresa Natal Computer pela aquisição de 100 aparelhos de ar condicionado no procedimento sem licitação de número 93/2020.

Atentai bem

Um deputado estadual do partido conservador de direita, Heni Ozi Cuckier (SP) diz que o presidente “Bolsonaro conseguiu banalizar o absurdo” e que isso nos levar a naturalizar “tanto com impropérios dele e dos ministros que isso simplesmente não nos impressiona mais”.
Para o deputado, achar normal o vídeo da reunião ministerial “é um sinal de apego ao populismo e de queda por autoritários que se pintam como grandes salvadores da pátria”.

Pode dar certo?

De Paulo Bilyk, ex-sócio de Paulo Guedes, após assistir ao vídeo da reunião de Bolsonaro com os ministros:
“Qual a chance de uma empresa tocada do jeito daquela reunião dar certo? Ou uma escola então? Uma organização social? Até a Máfia, que sucesso teria assim? Qual a eficácia do caos? Seja qual for a ideologia, qual chance de dar certo?”.

Franzé Silva (Foto: Lucas Sousa / Portal AZ)

Boa ideia, mas…

O deputado estadual Franzé Silva (PT) apresentou projeto de lei para suspensão dos prazos de garantia, troca, devolução ou reembolso de produtos e serviços no Piauí, pelo período em que perdurar a situação de calamidade pública para fins de prevenção e de enfrentamento ao novo coronavírus
Bacana, mas seria preciso alterar o Código de Defesa do Consumidor, que é uma lei federal.

Bolso Família

O governo Bolsonaro (leia-se Paulo Guedes) propôs um auxílio emergencial de R$ 200. O Congresso triplicou o valor, mas o presidente pode levar o crédito por isso. No senso comum, foi Bolsonaro quem “deu” o dinheiro.
Pesquisas realizadas recentemente fazem crer que as pessoas que receberam o dinheiro acham que a ajuda é uma espécie de “Bolso Família”.

Fonte seca

O problema é que, ao contrário do Bolsa Família, o “Bolso Família” tem prazo de validade. Acaba mês que vem.
Paulo Guedes, que não quer perder dinheiro com “empresinhas”, já avisou que topa prorrogar, mas cortando em dois terços o valor, pagando só R$ 200.
Para quem recebeu R$ 600 ou até R$ 1,2 mil, o corte vai empurrar para o lado contrário do Bolsonaro.

13º terceiro

Sondagens feitas pelo Palácio de Karnak e pela Presidência da Assembleia Legislativa no final do ano passado mostraram que Bolsonaro ampliou seu apoio entre os mais pobres no Piauí por causa do 13º do Bolsa Família.
Não há pesquisas, pelo menos conhecidas, sobre a repercussão do auxílio emergencial, mas ainda há tempo de medir.

Aprendizado

A pandemia vai passar, deixará mortos pelo caminho e muitas lições aprendidas em todos os setores da sociedade, sobretudo nas empresas, onde erros podem ser sistematizados em aprendizado.
Exemplo é de restaurantes que ao fim da pandemia podem se transformar em empresas de alimentação pronta para entrega em casa.
Já há duas dezenas de iniciativas do tipo somente em Teresina.

Alcoolismo

A pandemia vai passar, sim, mas deve deixar um problema a maior: alcoolismo crescente na periferia e na população em condição de rua.
Os chamados “pés inchados”, homens abatidos pelo alcoolismo, seguem bebendo pela cidade como se não houvesse amanhã.

Ping-Pong 
Calendário lunar

O publicitário Eduardo Neves liga para a Tam. A atendente foi gentil e solícita, mas por um momento ficou meio aérea.

A atendente: “O senhor deseja solicitar o cancelamento e reembolso da passagem marcada para o dia 14?”.
Eduardo: “Sim, dia 14, amanhã”.
A atendente: “Então o senhor não embarcou?”
Eduardo: “Não, meu bem. Eu não sei aí em São Paulo, mas aqui em Teresina ainda é dia 13 de maio”.

Originalmente publicado em 24 de junho de 2013.

Expressas 

Não há pandemia que justifique os buracos da rodovia PI-113, que liga Teresina a José de Freitas, Barras, Batalha e Esperantina.

Do mesmo modo, não ha justificativa para o deplorável estado de conservação da estrada estadual entre Campo Maior e Castelo.

Outra coisa que não se admite é o estado de abandono da PI-130, entre Teresina e Palmeirais, aquela em que uma ponte caiu e segue com um desvio sem prazo para ser encerrado.

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