A extorsão suplicada

A extorsão suplicada

Como já amplamente alardeado, amanheci a sexta-feira, 12 de junho deste ano, com uma espalhafatosa polícia retirando-me da minha casa e, de lá para cá, amarguei uma prisão de mais de 160 dias, sob a falsa afirmação de prática de extorsão e, ainda por cima, reiteração criminosa em conduta semelhante. Tudo a partir da publicação da informação sobre um suposto procedimento criminoso praticado pelo médico Alexandre Andrade, de Teresina, numa cirurgia em uma paciente em que ele deixou 40 centímetros de compressa dentro do seio dela, quase causando a sua morte. Felizmente, o STJ me libertou de uma inconcebível, incabível, arbitrária prisão preventiva. Em quase 50 anos de carreira, fazendo um jornalismo destemido, investigativo, reconhecido como dos mais sérios profissionais, fui tratado por parte da justiça do Piauí como se fosse o pior bandido. Em plena pandemia da Covid-19, quando a mesma justiça havia libertado quase 500 detentos das penitenciárias do Estado, muitos dos mais perigosos, me confinaram num dos presídios dos mais contaminados. E então, mesmo tendo dado todo o espaço para defesa do citado médico, cujo crime contra a paciente a polícia e o Ministério Público não apuraram, (pelo contrário, ele foi elogiado pelo juiz da Central de Inquéritos), acusaram-me de ter praticado extorsão. O delegado do inquérito (que se antecipa a fatos e acrescenta declaração falsa nos autos); o promotor que me denunciou e o juiz que me prendeu, todos mudaram o sentido do art.158 do CP que diz: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa”. Porque no meu caso, que nunca liguei, não ameacei, não constrangi ou passei mensagem para a autoproclamada “vítima”, se inaugura um novo tipo penal, a “extorsão suplicada”. O próprio médico confessou durante inquirição de advogados e do promotor que nunca o procurei, não fotografou o dinheiro, não comprova que retirou o dinheiro do banco, não tem foto da entrega do valor, e por fim, não tem provas do tal crime a mim atribuído. No entanto, durante as investigações, fui humilhado, execrado na mídia, com exposição cinematográfica e mentirosa, com a própria polícia e o juiz da Central de Inquéritos, Valdemir dos Santos, assegurado que eu já havia praticado o mesmo crime antes, portanto, segundo eles, era uma prática reiterada, sem que me dessem direito à defesa, justamente porque nunca fui processado por tal crime, como se prova agora e como afirmam os ministros do próprio STJ ao se dizerem impressionados com as medidas impostas na decisão. A vida segue, pois começa a se delinear no curso do processo que fui vítima de uma grande armação policial patrocinada pelos mais rancorosos dos meus desafetos, todos poderosos agentes públicos. Aliás, bem ao contrário do que o juiz Valdemir afirmou categoricamente não ter existido erro médico, o próprio cirurgião celebrou acordo com a família da paciente para que ele se visse livre do processo em Brasília reparando, assim, os erros reconhecidamente causados. Ele pagou à paciente para se ver livre de eventual condenação. Então, qual seria o crime por mim praticado? Ou se vai aplicar o direito penal do autor, pelo qual o criminalizado é a personalidade e não a conduta, conforme a linha nazista dos anos 40?

Juiz Valdemir Ferreira dos Santos e a proteção ao médico acusado de procedimento supostamente criminoso (Foto: Revista Opinião)

Perdão, leitor!

Esta coluna ficou fora do ar por exatos 166 dias. Claro que seu autor não andava em dolce far niente pelo mundo.
Estava preso, num procedimento que seguramente será provado e denunciado futuramente. Mas enquanto não inventarem outra, a coluna seguirá informando e opinando, como é a característica deste jornalista.

Pegadinha

Os delegados do Greco passaram para a mídia, principalmente para programas sensacionalistas das TVs, que no celular deste jornalista foram encontradas conversas comprometedoras.
A própria perícia policial os desmentiu. O perito certificou  que, durante o grampo telefônico (quebra do sigilo), não encontrou nada relevante para o processo.

Pegadinha 2

Quando Thales e Laercio fizeram a pirotecnia para as televisões, anunciando a prisão deste jornalista, Laércio Evangelista afirmou que este jornalista era reincidente na prática de extorsão, informando que fui preso em 2005 pelo mesmo crime.
Eles mentiram. Aquela prisão foi forjada sob outra alegação, a de coação a uma advogada no curso do processo.

Pegadinha 3

Quando Evangelista foi advertido, inclusive por mim, depois do espetáculo circense com a mídia, que em 2005 a minha prisão, bem montada como esta de agora, tinha se dado por suposta coação a uma advogada no curso do processo, ele prometeu fazer os devidos esclarecimentos.
Não fez, até hoje.

Sem defesa

Bem mais irresponsáveis, os delegados reafirmam na maior desfaçatez no bojo do inquérito que já pratiquei extorsão, quando dizem:“considerando ainda que o autor José de Arimateia Azevedo já responde a diversos processos criminais por crimes da mesma natureza...”
Tudo isso para proteger a suposta vítima.

Por isso que...

Em nenhum momento o médico Alexandre Andrade precisou de advogado para defendê-lo na fase do inquérito policial.
E nem precisaria. Ele já os tinha, de graça, nas figuras dos delegados do Greco e do juiz da Central de Inquéritos Valdemir dos Santos.
Ao mandar este jornalista para a cadeia, o juiz proibiu que o Portal AZ divulgasse qualquer coisa sobre o médico.

Proteção do juiz

Veja a defesa do juiz ao médico, que estava sendo processado na Justiça de Brasília pelo procedimento supostamente criminoso na cirurgia plástica de sua paciente: 
“...considerando que a vítima se trata de profissional autônomo, que preza pela integridade de sua honra e por sua reputação moral na sociedade (...) e que não há comprovação de qualquer tipo de erro médico nos procedimentos cirúrgicos que realizou até o momento”, ele proibiu que o Portal AZ publicasse qualquer coisa sobre o médico. 

Indenização

Para parar a ação judicial que Emanuella Dourado Rebelo Ferraz movia contra ele na 10ª Vara Cível de Brasília, o médico Alexandre Andrade fez acordo extrajudicial com ela pagando R$ 90 mil.
Isso, entretanto, não o livra de responder a ação criminal, que os delegados do Greco e o promotor da ocasião fingiram não ver.

Quem será

Faltando 48 horas para as eleições que vão definir o próximo prefeito de Teresina, o segundo turno, a expectativa do lado de Dr. Pessoa é de uma vitória avassaladora, em torno de 80 mil votos, tendo quem se arrisque dizer que pode chegar a 100 mil votos de diferença.

Quem será 2

Pelo lado do prefeito Firmino, o candidato Kleber Montezuma sorri confiante na vitória, mesmo não tendo recebido nenhum apoio significativo dos candidatos que perderam a eleição no primeiro turno, que foram todos para o lado de Dr. Pessoa.

Oligarquia

No Piauí, se diz que famílias se revezam no poder, elegendo os filhos e mulheres como sucessores. Mas quem olhar pros lados do Maranhão, vai tomar um susto quando observar esses dados.

Oligarquia 2

Entre Santa Quiteria, São Bernardo, Magalhães de Almeida e Água Doce, se dividem mulher, irmão, filho e sobrinha de um chefe político poderoso, que sozinho comanda mais de 25 mil votos.
Todos foram devidamente eleitos ou reeleitos, of course.

Tudo Bolsonaro

Embora sejam poucos os que admitam, em Teresina os dois candidatos a prefeito que se enfrentam no segundo turno são próximos a Bolsonaro.
Seja por simpatia pessoal, seja pelas companhias que escolheram para tentar chegar à Prefeitura.

Filho único

Se for eleito, como parece que será, vice-prefeito de Teresina, Robert Rios vai ser uma espécie de prêmio de consolação para o PSB.
O partido não elegeu um único vereador na capital, apesar do delegado James Guerra ter tido 4,3 mil votos – mais que uma penca de vereadores eleitos.

Fidelidade

A coluna quis saber de tucanos e progressistas de alto coturno se os vereadores e candidatos a vereador que se bandearam para o lado de Dr. Pessoa vão ser punidos pelo PSDB e PP. Resposta nenhuma, do tipo deixa estar para ver como é que fica.
Porém, do ponto de vista legal, cabe pedir que lhes sejam tomados os diplomas de vereador ou suplente, por infidelidade partidária.

Portfólio de obras

Ontem, a prefeitura anunciou a entrega de uma grande obra, parte dela, pelo menos, na zona Leste, a avenida Ulisses Marques.
Há uma série de obras em curso – parte delas atrasada pela pandemia, que foram retomadas e poderão ficar prontas no primeiro semestre de 2021.
Bom para quem vai substituir Firmino Filho, que já chegará inaugurando obras e posando de bonzão.

O fundo bilionário

Está em R$ 1 bilhão a carteira de ativos do Instituto de Previdência do Município de Teresina. É um volume de dinheiro muito sedutor, principalmente para um certo senador piauiense que no Governo Mão Santa, quando comandou uma autarquia previdenciária, usou o dinheiro em caixa para fazer coisas que lhe valeram um mandato, mas causaram prejuízos nunca recuperados pelo Iapep.

Ping-Pong
O buraco

Anos 90. Candidato a vereador na eleição em Barras, Zé Picoitim combina com o prefeito Joaquim Lucas sobre o que vai dizer no comício. Fabricante de caixão, Picoitim pega orientação de Joaquim, para prometer sepulturas, mas na hora ele esquece o nome. 

Joaquim: “Diga que é sepultura. Que você vai dar a sepultura...”
Picoitim (sem conseguir ouvi-lo): “Povo de Barras, eu faço o caixão e o meu candidato a prefeito aqui dá o buraco”.

Originalmente publicado em 17 de fevereiro de 2013.

Expressas

O Governo do Estado anunciou que a duplicação da BR-316, na saída Sul de Teresina, ficará pronta somente em setembro de 2021. 

Piauienses têm a segunda menor expectativa de vida do Brasil, é o que mostra uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um piauiense nascido em 2019 tem expectativa de viver 71,6 anos em média, apontam os dados. O número é superior apenas ao verificado para o Maranhão, onde a expectativa de vida é de 71,4 anos.

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