Professores da Uespi articulam assembleia e analisam possibilidade de nova greve

Um indicativo já foi aprovado pela categoria neste mês

Por Wanderson Camêlo,

O ano letivo na Universidade Estadual do Piauí (Uespi) poderá ser prejudicado, novamente, isso porque vários docentes da instituição ameaçam paralisar as atividades pela segunda vez no ano. Uma proposta de reformulação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) dos professores é o problema.

Sede da Uespi, Campus Torquato Neto, zona Norte de Teresina (Foto: Wilson Nanaia/Portal AZ)

A deflagração da greve vai depender da abertura do executivo estadual para negociar com os professores da instituição. De acordo com a entidade que representa a categoria, até agora não houve diálogo entre as partes e, se a situação permanecer assim, há a ameaça de realização de uma nova assembleia para tratar sobre a deflagração de greve.

“Ainda estamos avaliando a situação. Ainda vamos sentar e marcarmos uma assembleia para tratarmos melhor do assunto. Ainda estamos esperamos a resposta do governo, já enviamos vários ofícios solicitando uma audiência, se não der certo, vamos organizar a assembleia”, garantiu a coordenadora da Associação dos Docentes do Ensino Superior do Piauí (Adcesp), Rosângela Assunção.

Rosângela Assunção durante audiência realizada no início deste ano, durante a última greve dos professores da Uespi (Foto: Lucas Sousa/Portal AZ)

A proposta de realização do movimento paredista, informou a gestora, deve ser debatida até o final deste mês.

O problema

De acordo com a Adcesp, o governo do Estado pretende mexer na carga horária dos professores de dedicação exclusiva. Um dispositivo seria colocado na lei para garantir a alteração.

“O professor dedicação exclusiva, 40 horas, trabalha 16 horas e as outras horas são destinadas à pesquisa, extensão e planejamento de dados. A LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] diz que, para cada hora trabalhada, é uma hora de planejamento; então a gente trabalha 16 horas, temos outras 16 horas de planejamento e a outra carga horária que sobra para dar 40 [horas] a gente faz pesquisa e extensão. Pelo novo modelo, o governo quer botar a gente com 20 horas de carga horária”, explicou Rosângela.

A coordenadora afirma que a medida, se aprovada, poderá gerar graves consequências para a classe docente e toda a comunidade universitária, como a perda na qualidade do ensino. “Se botarem essas 20 horas, são 20 horas de sala de aula, com mais de 20 para planejar, então não sobra tempo para a pesquisa e extensão e a universidade é um tripé: ensino, pesquisa e extensão”, criticou.

O governador do Estado, Wellington Dias (Foto: Lucas Sousa/Portal AZ)

A Associação dos Docentes também cobra a contratação de mais professores efetivos para a instituição. Segundo a entidade, mais de 600 disciplinas ofertadas pela instituição estão sem professores.

Em primeira assembleia, realizada no dia 16 do mês passado, docentes da Uespi já aprovaram, por unanimidade, um indicativo de greve, caso o governo envie a proposta de alteração do Plano de Cargos, Carreira e Salários à Assembleia Legislativa antes de passar nos conselhos universitários.

Procurada pelo Portal AZ, a assessoria de comunicação da Uespi disse que a administração superior da instituição não vai se manifestar sobre o caso.

A Secretaria de Governo do executivo estadual também foi contatada, mas não emitiu pronunciamento até o fechamento desta matéria. 

O último movimento paredista realizado pelos professores da Universidade Estadual foi deflagrado no dia 18 de março deste ano. Além de reajuste salarial, a categoria reivindicou, na ocasião, a implantação imediata de progressões, promoções, e mudanças de regime de trabalho.

A última greve na Uespi aconteceu no início deste ano (Foto: divulgação/Adcesp)

A greve durou praticamente um mês. 

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