Secretaria nega que empresário tenha pedido remédio antes de morrer em hospital

Oderman Bittencourt morreu nesta segunda-feira (30) em um hospital de Teresina

Por Arimatéia Azevedo,

(Atualizada às 16h54)

A Secretaria Estadual de Saúde informou ao Portal AZ que não procede a informação de que o diretor da Delta Laticínios teria morrido implorando pelo medicamento cloroquina. O uso da medicação para casos da Covid-19 veio a ser regulamentado pelo Ministério da Saúde no dia 27 de março. 

Veja abaixo a nota na íntegra:

O Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela esclarece que o paciente Oderman Bittencourt foi atendido pela primeira vez na unidade de saúde no sábado (20/03/2020), mas o mesmo não tinha indicação clínica e nem tinha interesse em permanecer no ambiente hospitalar.

Na tarde de terça-feira (24/03/2020) foi atendido novamente no hospital, com queixa de falta de ar (dispnéia), porém sem sinais de gravidade ou instabilidade clínica (pressão, pulsos e oximetria normais) sendo então internado com todas as medidas clínicas cabíveis aos pacientes sintomáticos respiratórios com investigação de SRAG. 

Durante a noite o paciente apresentou quadro de ansiedade importante e pico hipertensivo (referindo vontade de utilizar o medicamente cloroquina devido a notas sobre o mesmo na imprensa) sendo avaliado pela médica plantonista e devidamente medicado com melhora clínica.

Dia 25/03/2020 o paciente foi reavaliado pela médica assistente que detectou piora do padrão respiratório e solicitou avaliação do médico intensivista que prontamente admitiu o paciente na UTI do Hospital com todos os cuidados intensivos necessários, incluindo o uso do esquema com cloroquina.

O uso da medicação para casos de COVID-19 veio a ser regulamentado pelo Ministério da Saúde através da nota informativa nº5 apenas em 27/03/2020 aonde é explícito que a indicação deverá ser realizada para pacientes GRAVES hospitalizados com dados de avaliação muito específicos, compatíveis com as características do paciente APENAS quando foi admitido em UTI.

É imprescindível esclarecer à população que o trabalho amplamente difundido sobre o uso da cloroquina apresenta sérias limitações metodológicas e, segundo a própria ANVISA o uso indevido da cloroquina pode trazer sérias complicações à população como, por exemplo: distúrbios do sangue e do sistema linfático, distúrbios do sistema imune, distúrbios de metabolismo e nutrição, distúrbios psiquiátricos, distúrbios do sistema nervoso, distúrbios oculares, e até mesmo distúrbios cardíacos que podem resultar em insuficiência cardíaca e em alguns casos podem ser fatais.

Entenda o caso 

O diretor Oderman Bittencourt da Delta Laticínios teria morrido à míngua, implorando pelo medicamento cloroquina, mas os médicos que o assistiram no hospital, em Teresina, se negaram a atendê-lo. 

Antes de morrer diretor da Delta implorou à esposa por cloroquina (Foto: reprodução)

Num apelo dramático a sua esposa, Oderman diz que já estava entubado, no oxigênio, e falecendo aos poucos porque os antibióticos não faziam efeito. 

“Elas tem um protocolo aqui para dar cloroquina, que tem que esperar os exames e se ficar esperando esses exames, essas coisas que eles querem, eu vou morrer Keila. Conversa com a diretoria do hospital aqui, pede para me dar cloroquina, pelo amor de Deus”, disse. 

Em outro áudio o deputado estadual João Mádison reafirma que Oderman Bitencourt morreu à míngua.

Ouça os áudios abaixo:

O áudio da fala do diretor da Delta foi encaminhado ao secretário de Saúde, Florentino Neto, mas até a hora da publicação da matéria ele não havia dado retorno.

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