Em entrevista a rádio Cultura FM da cidade de São Raimundo Nonato (525 km de Teresina), a dona de casa Grécia Siqueira, criou ontem, ao meio dia, uma situação para lá de embaraçosa e constrangedora para a prefeita do município, Carmelita de Castro Silva (52), do Progressistas (PP), que tenta a reeleição, e também para o governador Wellington Dias, do Partido dos Trabalhadores (PT). A repercussão do caso viralizou nas redes sociais. Um trio de assessores da Prefeitura e do Governo do Piauí foi acusado, ao vivo, nos microfones da emissora, de ameaçar a vida de moradores locais.

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Carmelita Castro e Wellington Dias (Foto: divulgação)

O caso aconteceu no município sertanejo que vive um alto grau de tensão politica com a campanha de Carmelita Castro enfrentando uma série de problemas. Seus correligionários e assessores são acusados de soltar fogos de artifício depois das 22:00h ao lado da casa de idosos e pessoas doentes. Para piorar tudo, Grécia Siqueira, moradora da rua Wilson Ribeiro, correligionária da própria Carmelita e que diz apoiar a sua gestão e campanha pela reeleição, procurou a emissora de rádio para denunciar o que ela chama, em suas palavras de: “um absurdo, falta de respeito e desespero", cobrando providências das autoridades, em especial da Justiça Eleitoral e criticando duramente os aliados de Carmelita.
 
O susto com o depoimento de Grécia Siqueira, foi tão grande que o radialista Gercílio Magalhães, que apresentava o jornal da emissora, perguntou: "A reclamação que a senhora está fazendo aqui seria como militante que apoia a oposição ou é da situação? Só para ficar claro!!!", disse.  A resposta foi ainda mais chocante: " Meu filho, eu sou da situação, do lado da Prefeita. Entendeu? Exatamente, eu sou um ser humano, eles não estão mais respeitando ninguém, independente de política, o desespero é grande minha gente, até para evitar uma morte", desabafou ela, nitidamente nervosa.

Repercussão Imediata

Sagaz, o repórter não perdeu tempo e voltou a questionar a correligionária de Carmelita Castro: "Quem chamou a policia?". Grécia Siqueira sem titubear disse: "Quem chamou a Policia fui eu! Foi eu que chamei por que achei um absurdo, isso é uma falta de respeito, de consideração pelas pessoas, se eles queriam atingir a oposição, atingiram o pessoal da situação", lamentou a dona de casa que sofre de uma série de doenças.
 
Revoltada, ela afirmou: "Dona Alvina e seu Salomão, passaram ontem, lá de casa eu ouvi, anunciando no carro de som do Avelar, que agora Salomão do PT está com o Avelar, devido isso aí. A dona Alvina já é uma idosa. Dona Alvina se segurando no portão da casa dela, tremendo, em tempo de desmaiar; o neto da Zenilda fez uma cirurgia tem pouco tempo na cabeça. O menino se espantou que caiu da cama, teve uma crise compulsiva que quase morre", denunciou ela para o espanto e incredulidade dos ouvintes.

Carmelita e Ronan Ribeiro (Foto: divulgação)

Moradora do bairro do Alto do São Félix, a denunciante Grécia Siqueira é vizinha da professora Auricélia Ribeiro Silva, conhecida como Ceinha, funcionária da Prefeitura Municipal de São Raimundo Nonato com gratificação de coordenadora e mãe de Ronan Ribeiro, assessor do Governo do Piauí, lotado na Secretaria de Governo no cargo de assistente de serviços, com salário de R$ 1.743,00. Ambos são ligados politicamente ao grupo politico da prefeita Carmelita Castro.

Comunicação Social

Grécia Siqueira continuou o seu relato explicando como o caso aconteceu na noite do último domingo (27), logo após o lançamento oficial da candidatura de Avelar Ferreira (PSD), representante da oposição no município e nitidamente na liderança da corrida sucessória com tendência de crescimento a cada imbróglio que Carmelita e seu grupo se envolvem com forte repercussão nas mídias sociais, em especial nos grupos de WhatsApp.
 
Um dos acusados é a assessora de comunicação social da Prefeitura de São Raimundo Nonato, Larissa Reis, contratada por "excepcional interesse público", segundo o seu contracheque, disponível no Portal da Transparência, no valor de R$ 2.900,00. No local escrito Tipo de Vínculo, aparece essa rubrica inexplicável. A participação de Larissa Reis ficou comprovada com o depoimento informal de Grécia Siqueira para os policiais que compareceram no local da ocorrência.

Larissa Reis (Foto: divulgação)

"Ao me recompor do susto, do forte estrondo, percebi que não tinha sido uma explosão na rede elétrica. Vi que a fumaça saia da casa da Ceinha, minha vizinha, e corri para lá. Em pé, no portão, estava a assessora da Prefeita, a Larissa (Reis – grifo nosso), com um celular na mão. Eu disse: 'mulher, como vocês fazem uma coisa dessas?'. Aí gritei... Ceinha, Ceinha... mulher, Ceinha como tu deixa teu filho fazer uma coisa dessas?'. Ela: 'bem que eu disse. Meu filho é doido'. Meu filho, desculpa a palavra, mas foi o que eu ouvi: ‘meu filho é doido'. Não, pois lugar de doido não é fazendo o que ele fez não... é procurando tratamento, é no CAPs, onde quer que seja. Olha tem vários idosos que moram ao redor, tá!", concluiu dona Siqueira.

Recursos Públicos

Outra vez o radialista questionou: "Outras pessoas, além da senhora, reclamaram também?". A resposta não demorou. "Reclamaram. Tem uma senhora que tem mal de alzheimer, que é a d. Lourdes, a moça que dorme com ela correu na hora que a policia veio, para falar com a policia", esclareceu Grécia Siqueira explicando que tem crise depressiva, problema na coluna e no nervo ciático, além de outras enfermidades. Ela conta que teve muita dificuldade para se levantar da rede após a explosão. “Pensamos que era a rede elétrica pegando fogo. Meus filhos entraram em desespero pensando que eu tinha morrido. As mulheres ficaram sem ação, sem voz. Foi uma girândola de alto porte".
 
Nesse caso fica claro que recursos públicos do município de São Raimundo Nonato e do Governo do Piauí estão sendo utilizados indevidamente por cidadãos que recebem para desenvolver as suas funções e, por apego politico ou cobrança de ações, misturam os canais com prejuízos para a coletividade, criando armas distintas para o mesmo pleito eleitoral. A Justiça Eleitoral, o Ministério Público e as autoridades constituídas precisam agir antes que problemas maiores contaminem a disputa eleitoral no sertão piauiense. 

É inadmissível, até ilegal e criminoso, que ocupantes de cargos de confiança na Prefeitura de São Raimundo Nonato e do Estado do Piauí se vejam envolvidos em caso dessa natureza. Os contracheques em anexo e o áudio original da rádio Cultura FM de São Raimundo Nonato exigem uma atitude da Justiça, do Governador Wellington Dias e a da Prefeita Carmelita Castro, com o risco de, no caso de omissão, serem acusados de prevaricação.

Ouça o áudio: