Caetano Veloso e outros artistas protestam em Brasília contra projetos de lei que ameaçam o meio ambiente

Segundo organizadores, ideia partiu do músico por causa dos 'retrocessos inaceitáveis em termos de proteção dos direitos socioambientais'; artistas também se encontram com presidente do Senado e ministra Cármen Lúcia, do STF.

Por G1,

Artistas de várias regiões do país se reúnem, nesta quarta-feira (9), em Brasília, para um protesto contra projetos de lei que ameaçam o meio ambiente e tramitam no Congresso Nacional. São eles: o PL 2.159, que trata do licenciamento ambiental; o PL 2.633 e o PL 510, sobre grilagem de terras públicas; o PL 490, sobre o Marco Temporal para terras indígenas; o PL 191, do garimpo em terras indígenas e o PL 6.299, que ficou conhecido como "PL do Veneno" e que revoga a atual Lei de Agrotóxicos (saiba mais abaixo).


Caetano Veloso no estúdio na gravação do álbum 'Meu coco' — Foto: Reprodução / Facebook Caetano Veloso

Segundo os organizadores, o ato foi uma ideia do cantor e compositor Caetano Veloso, em função dos "retrocessos inaceitáveis em termos de proteção dos direitos socioambientais". Ele e a esposa, Paula Lavigne, convidaram artistas e organizações sociais para a manifestação (veja mais abaixo quem participa).

O protesto está marcado para 15h, na Esplanada dos Ministérios, perto do Congresso Nacional. Antes disso, segundo os organizadores, alguns artistas conversam com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) e com a ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na audiência no Senado, apenas Caetano Veloso deve falar, em nome dos artistas, e entregar um documento onde pede que os projetos de lei sejam votados apenas quando estiverem "alinhados com a ciência".

Alguns dos artistas e organizações que confirmaram presença, segundo os organizadores:

  • Caetano Veloso
  • Maria Gadú
  • Seu Jorge
  • Nando Reis
  • Bela Gil
  • Cristiane Torloni
  • Letícia Sabatella
  • Bruno Gagliasso
  • Lázaro Ramos
  • Natiruts
  • 342 Amazônia
  • Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
  • Mídia NINJA
  • Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST)
  • Greenpeace Brasil
  • ClimaInfo
  • Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)
  • União Nacional dos Estudantes (UNE)
  • Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
  • Coalisão Negra por direitos
  • CNBB

O que dizem os Projetos de Lei criticados pelos artistas e organizações

Projeto de Lei (PL) 2.159: Licenciamento Ambiental

O PL torna o licenciamento ambiental uma exceção, em vez de ser a regra, e também permite o "licenciamento autodeclaratório", que dispensa a verificação do relatório de descrição do empreendimento, além de expandir a lista de atividades que não precisam de licenciamento ambiental.

PL 2.633 e PL 510: grilagem

Os dois projetos de lei estão relacionados e concedem anistia à grilagem de terras públicas. Se aprovados, podem permitir, por exemplo, a regularização de áreas ilegalmente ocupadas. Além disso, propriedades de até 2,5 mil hectares poderão ser tituladas por meio de autodeclaração. O PL 2.633 foi aprovado na Câmara dos Deputados e pode ser pautado para votação no Senado, em uma versão, que é o PL 510.

PL 490: Marco Temporal das Terras indígenas

O PL altera a demarcação das Terras Indígenas e permite, entre outras coisas, a reintegração de posse pelo Governo Federal. Além disso, estabelece que a demarcação pode ser contestada em qualquer estágio do processo e estabelece o "Marco Temporal" para todas as demarcações de Terras Indígenas que não estivessem ocupadas até a Constituição de 1988.

PL 191: Garimpo em terras indígenas

O PL autoriza a mineração e a construção de hidrelétricas em terras indígenas. O projeto valida ainda todos os requerimentos de exploração de minérios que tenham sido solicitados ou protocolados antes da lei, e legaliza garimpos. Apresentado pelo Executivo, o projeto aguarda a criação de uma Comissão Especial na Câmara de Deputados.

PL 6.299: Lei dos Agrotóxicos

O projeto revoga a atual Lei de Agrotóxicos (7.802/89) e flexibiliza a aprovação e o uso de agrotóxicos no Brasil. Se aprovado, transfere o poder de decisão sobre o uso de novos agrotóxicos para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dessa forma, órgãos como o Ibama e a Anvisa, deixam de ser responsáveis pelo processo de avaliação e aprovação. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados e está agora sob apreciação do Senado.

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