O bolsonarismo, a dissonância cognitiva e a cadeia para Bolsonaro

Agora, com a cadeia batendo à porta de Bolsonaro fica ainda mais difícil alcançar a uva!

No final dos anos 1950, o psicólogo norte-americano Leon Festinger formulou e desenvolveu a Teoria da Dissonância Cognitiva, importantíssima contribuição da psicologia para outras áreas do conhecimento humano, incluindo o Direito. No Brasil, seu livro intitulado "A Theory of Cognitive Dissonance" foi publicado originalmente em 1975, pela Zahar Editores.

A dissonância cognitiva remete à necessidade do indivíduo para procurar coerência entre suas cognições (conhecimento, opiniões ou crenças) por suas atitudes ou comportamentos que acredita serem certos e o que realmente é praticado.

Em seus estudos, a UNICAMP aponta dois caminhos da dissonância cognitiva no bolsonarismo: narcisismo coletivo e desengajamento moral. O narcisismo coletivo mostra que uma pessoa pode ter uma opinião excessivamente alta sobre um grupo, e que um grupo pode funcionar como uma entidade narcisista. O desengajamento moral, segundo o estudioso Albert Bandura, ocorre quando as pessoas se liberam de seus padrões morais para infligir ações danosas a outros, sem que se sintam culpadas por sua conduta não moral.

O bolsonarismo, em uma analogia com a Teoria da Dissonância Cognitiva de Leon Festinger, as pessoas envolvidas no movimento político possuem opiniões ou comportamentos que não condizem com o que pensam de si, das suas concepções, dá surgindo a dissonância.

Em verdade, apontam os estudiosos, a dissonância cognitiva (como ocorre no seio bolsonarista) é um estado psicologicamente desconfortável. Sua magnitude varia conforme a importância e discrepância entre as cognições.

Os estudos apontam três formas para se eliminar a dissonância, que, efetivamente, vale para o desequilíbrio do bolsonarismo:

a) cada bolsonarista deve - querendo - substituir uma ou mais crenças, opiniões ou comportamentos que estejam envolvidos na dissonância;

b) cada bolsonarista poderá adquirir novas informações ou crenças que irão aumentar a consonância; entendimento e compreensão da realidade;

c) cada bolsonarista poderá tentar esquecer ou reduzir a importância daquelas cognições que mantêm a situação de dissonância.

Dissecando o assunto, que além da relevância impõe também uma discussão profunda, dada a alienação mental do bolsonarismo, estudiosos trazem à baila a clássica fábula da "Raposa e as Uvas. Conta a fábula que uma raposa vê algumas uvas e quer comê-las.

Quando a raposa é incapaz de pensar em uma maneira de alcançá-las, decide que não vale a pena comer, com a justificativa de que as uvas, provavelmente, não estão maduras ou que são azedas (daí a frase comum "uvas verdes"). A moral que acompanha a história é a seguinte: "Qualquer tolo pode desprezar o que ele não pode ter". Este exemplo segue um padrão: um deseja algo, considera inatingível, e reduz a própria dissonância por criticá-lo. o estudo de Jon Elster chama tal padrão de "formação de preferências adaptativa".

No caso do bolsonarismo, as "raposas" estão tão desesperadas que apresentam uma dissonância cognitiva gravíssima: assim como a personagem, emitem as desculpas mais esfarrapadas possíveis por não alcançar a uva (o poder).

Para classificar o bolsonarismo a Revista Conhecimento & Cidadania identificou o seguinte: "As “raposas” não conseguem ter a hombridade de reconhecer que, se a população já não os adula mais é por culpa de si mesmos; e assim como a personagem da fábula, culpam a falta de maturação das uvas; e como é difícil alcançar esta “uva” denominada verdade, as “raposas” acusam o “pássaro”, o povo, que tem as asas que o levam ao seu objetivo. O sonho das “raposas” a cada dia estará longe e seguirão frustrados se não olharem a si mesmos e reconhecerem: “Se não me delicio mais com esta uva, pedirei ao pássaro ajuda. Quem sabe assim, serei bem-sucedida.”

Agora, com a cadeia batendo à porta de Bolsonaro fica ainda mais difícil alcançar a uva!

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