O Brasil inicia um novo modelo de concessão florestal voltado para a recuperação de áreas degradadas e geração de créditos de carbono. O projeto-piloto será realizado na Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu (URTX), em Altamira (PA), uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento no país. A concessão permitirá que empresas privadas invistam na restauração da floresta em troca de lucros com a comercialização de créditos de carbono, um mercado em expansão global.
A licitação ocorrerá na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na próxima sexta-feira (28), abrindo oportunidades para investidores interessados na bioeconomia e sustentabilidade. O governador do Pará, Helder Barbalho, destaca que a concessão terá duração de 40 anos, com investimento previsto de R$ 250 milhões e potencial de receita de R$ 1,5 bilhão. Além disso, a iniciativa promete gerar cerca de dois mil empregos diretos na região, consolidando um modelo que pode ser replicado em outros estados brasileiros.
Apesar do otimismo, desafios logísticos e jurídicos precisam ser superados. A URTX está em uma região remota e frequentemente invadida por grileiros e madeireiros ilegais. Especialistas alertam que o sucesso da concessão dependerá de segurança jurídica e da garantia de que as forças policiais atuarão para proteger a área concedida. Outro ponto crítico é que, enquanto os créditos de carbono exigem manutenção da floresta por pelo menos 100 anos, a legislação brasileira limita concessões a 40 anos, criando um impasse regulatório que precisará ser resolvido.
O modelo de concessão já é aplicado no país desde 2006, mas até então focava apenas no manejo sustentável da floresta para produção de madeira. Agora, a estratégia é ampliar a recuperação ambiental e transformar o mercado de carbono em uma fonte de financiamento para a preservação das florestas brasileiras. Se bem-sucedida, a iniciativa pode atrair novos investimentos privados e impulsionar o Brasil como líder global na agenda de restauração ecológica e combate às mudanças climáticas.