Brasil se destaca entre os países com mais barreiras não tarifárias, diz estudo

Mais de 86% das importações brasileiras estão sujeitas a restrições, impactando o mercado

Um estudo publicado pelo BTG Pactual revelou que 86,4% das importações brasileiras são afetadas por barreiras não tarifárias, como normas sanitárias, cotas e exigências regulatórias de órgãos como Inmetro e Anvisa. Esse percentual coloca o Brasil entre os países que mais impõem restrições ao comércio internacional, ficando atrás apenas da Argentina (94,6%) e da União Europeia (94,3%). No ranking de 12 países analisados, os Estados Unidos aparecem com um índice de 77,4% e o México, um dos menos restritivos, com 53%.

Foto: Reprodução | Porto de Santos (SP)
Porto de Santos (SP)

O estudo também apontou que essas barreiras podem influenciar a aplicação da nova política comercial dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump tem reforçado a ideia de "reciprocidade de tarifas", podendo usar esses dados como justificativa para aumentar as taxas sobre produtos brasileiros. O setor privado americano já manifestou preocupação com algumas dessas barreiras, como restrições sanitárias que impedem a exportação de milho da Costa Oeste dos EUA para o Brasil, mesmo com baixo risco de contaminação.

A US Chamber of Commerce também criticou regulações da Anatel, alegando que suas exigências dificultam a entrada de fornecedores estrangeiros no mercado de telecomunicações. Apesar de a tarifa nominal aplicada pelo Brasil sobre produtos americanos ser de 5,8%, enquanto os EUA impõem apenas 1,3% sobre mercadorias brasileiras, o impacto real das barreiras não tarifárias pode ser mais significativo para as relações comerciais.

Caso os Estados Unidos decidam impor tarifas equivalentes às do Brasil (5,8%), as exportações brasileiras poderiam sofrer um impacto entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões. Se a tarifa chegar a 25%, como ocorre com outros parceiros comerciais dos EUA, esse impacto pode atingir entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões. O estudo do BTG Pactual ressalta que, diante desse cenário, o Brasil pode precisar reavaliar suas políticas comerciais para evitar retaliações que afetem sua economia.

Leia também