Déficit primário pode chegar a R$ 64 bilhões em 2025, aponta IFI

Relatório alerta para rombo maior em 2026 e risco de fracasso do novo arcabouço fiscal

A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou as projeções para as contas públicas e estima um déficit primário de R$ 64,2 bilhões em 2025, o que equivale a 0,51% do Produto Interno Bruto (PIB). O relatório da entidade também prevê um cenário ainda mais preocupante para 2026, com um possível rombo de até R$ 128 bilhões — quase 1% do PIB.

Foto: • Joel Santana/Pixabay
 Produto Interno Bruto (PIB)

Além disso, o crescimento econômico previsto para os próximos anos é modesto: 2,0% em 2025 e apenas 1,6% em 2026, o que dificulta a arrecadação e o controle da dívida pública. Para o diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana, os números refletem um quadro de deterioração fiscal. "Um déficit primário superior a meio ponto do PIB e o agravamento do endividamento sinalizam uma trajetória perigosa. Isso não é saudável para a economia brasileira e nem justo com as futuras gerações", alertou Pestana.

A meta do governo federal é zerar o déficit em 2025 e alcançar um superávit de 0,25% do PIB em 2026. No entanto, para isso, será necessário um esforço fiscal adicional de R$ 72,3 bilhões. O cenário se complica ainda mais em 2027, com a volta dos precatórios ao cálculo da meta fiscal.

Segundo a IFI, o novo arcabouço fiscal — que substituiu o antigo teto de gastos — não está conseguindo conter o avanço da dívida pública. A estimativa é que a dívida bruta alcance quase 80% do PIB ainda este ano e chegue a 84% em 2026. Para a entidade, esses níveis são tecnicamente preocupantes e podem representar o fracasso das novas regras fiscais.

O relatório também aponta alta nas expectativas de inflação para 2025, com projeção revisada de 3,6% para 4,4%. Diante do cenário fiscal delicado, a IFI pede maior atenção do Congresso Nacional e do governo federal às contas públicas.

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