O residencial Jacinta Andrade já foi anunciado, com o habitual ufanismo que marcou a quadrupla gestão de Wellington Dias, como a maior obra habitacional do Programa Minha Casa, Minha Vida. Com 4.300 unidades habitacionais, na borda urbana mais ao Norte de Teresina, bastante isolado do resto do tecido urbano, deveria ter serviços públicos de saúde e educação para tanta gente que ali deveria morar.
Mas pelo que se depreende, há uma falha de planejamento ou coisa parecida, porque uma escola estadual daquele conjunto habitacional encontra-se fechada por falta de alunos ou “inexistência de demanda”, conforme a nota da Secretaria da Educação para explicar o não funcionamento da Unidade Escolar José Pires Gayoso, inaugurada pelo ex-governador Wellington Dias, em 12 de abril de 2019.
Naquele dia, conforme nota do governo estadual, publicado em página da Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH) (http://www.adh.pi.gov.br/noticia.php?id=214), Dias e a presidente da autarquia de habitação, Gilvana Gayoso, entregaram duas escolas à comunidade do Residencial Jacinta Andrade, as Unidades Escolares Corina Machado Vieira e Professor José Pires Gayoso de Almendra Freitas, cada uma com capacidade de atender 1.800 alunos, ou seja, com espaço para 3,6 mil estudantes.
Cada escola tem 17 salas de aula, pátio com palco, salas para professor, direção, secretaria, depósito, biblioteca, laboratório de informática, cozinha e banheiros com vestiário.
Com tanto espaço físico, nos quais se investiu, em valores de 2019, R$ 3,2 milhões, as escolas deveriam atender a estudantes não somente do Jacinta Andrade, mas das comunidades no entorno, como Mirante Santa Maria da Codipi (Residencial Paulo de Tarso) e os povoados Ave Verde, Gurupá de Baixo e a ocupação Dandara dos Cocais, além de toda região da Santa Maria.
Segundo a ADH, o Jacinta Andrade conta uma população de 20 mil moradores – embora não informe a autarquia como chegou a essa conta, mas considerando o entorno, a construção de duas escolas com capacidade para ,3,6 mil estudantes deve ter sido obtida por pesquisa e planejamento. Ou não foi, considerando que agora uma das escolas, a Unidade Escolar José Pires Gayoso de Almendra Freitas, vai ser transformada, segundo a nota da Secretaria da Educação, em uma escola circense.
Pena que assim seja, porque o homenageado, sogro da ex-presidente da ADH, Gilvana Gayoso, era um professor respeitado, chamado na intimidade de Professor Dedé Gayoso, filho do ex-governador Pedro Freitas e que até disputou – e perdeu – o governo do Piauí, em 1958.
Confira a nota na íntegra:
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informa que o prédio citado não foi oficialmente constituído como espaço educacional devido à inexistência de demanda, tendo em vista que o Residencial Jacinta Andrade já possui uma escola em pleno funcionamento,o Centro Estadual de Educação Profissional Corina Machado Vieira, que atende alunos nas modalidades Fundamental, Médio, Profissional e EJA, nos turnos tarde e noite.
O prédio foi construído pela Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH) quando da implantação do Residencial e está sob os cuidados da Secretaria de Estado de Administração e Previdência (SeadPrev), que administra todos os imóveis do Estado, constando como em trâmite de cessão para a Secult para implantação de uma Escola Circense.
Entenda o caso
A Escola Estadual José Pires Gayoso de Almendra Freitas está abandonada e nunca teve uma aula desde a sua inauguração em 2019. Em um vídeo encaminhado ao Portal AZ, o vice-presidente da Associação de Moradores do Residencial Jacinta Andrade, Janilson Jackson, mostra o descaso.
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