O ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), o general Carlos José Russo Assumpção Penteado, prestou depoimento nesta segunda-feira (4), à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Durante seu depoimento, o general afirmou que o ex-ministro Gonçalves Dias não compartilhou com as autoridades responsáveis os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de invasão de prédios públicos durante os eventos ocorridos em 8 de janeiro.
Penteado revelou que nem mesmo ele, que ocupava o segundo cargo mais importante no GSI a convite do ex-ministro, teve conhecimento dos alertas produzidos pela Abin e entregues a Gonçalves Dias. Segundo o general, a falta de informações completas sobre a situação e os riscos reais da ação de manifestantes comprometeu o esquema de segurança montado na ocasião.
O general destacou que todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro estão diretamente relacionadas à retenção dos alertas pela Abin por parte do ministro Gonçalves Dias. Ele ressaltou que se a Coordenação de Análise de Risco tivesse acesso ao teor dos alertas da Abin, as ações previstas no Plano Escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto. No entanto, os alertas da Abin não chegaram ao seu conhecimento nem às mãos dos responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto e da segurança presidencial.
Vale lembrar que o ex-diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, havia declarado anteriormente à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que a agência produziu 33 alertas de inteligência sobre os protestos em janeiro, mas inicialmente considerava que os atos golpistas teriam pouca adesão. A mudança de percepção ocorreu nos dias 6 e 7 de janeiro, quando a Agência Nacional de Transporte Terrestre (Antt) relatou a chegada de um número maior de ônibus a Brasília do que o esperado.
O próprio ex-ministro Gonçalves Dias reconheceu que errou ao avaliar o cenário que levou à invasão e depredação de prédios públicos, atribuindo sua decisão à análise de informações conflitantes que recebeu.
O general Penteado, por sua vez, revelou que tomou conhecimento dos alertas da Abin pela imprensa após o dia 8 de janeiro, enfatizando que, até então, a expectativa era de que os eventos transcorressem com normalidade, devido à posse tranquila do presidente Lula em 1º de janeiro e às notícias sobre o esvaziamento dos acampamentos em Brasília.