Transição energética no Brasil pode ser acelerada por geração eólica no mar

O Brasil possui um potencial inexplorado de energia eólica marítima de até 3,6 vezes a capacidade total de energia elétrica já instalada no Sistema Interligado Nacional

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a geração de energia eólica offshore (no mar) pode impulsionar significativamente a capacidade de produção de energia elétrica no Brasil, contribuindo para a transição energética do país. As usinas eólicas no mar aproveitam ventos mais constantes e rápidos, representando uma nova fronteira na geração de energia limpa.

Foto: Divulgação/Beatrice Offshore Windfarm

De acordo com o estudo "Oportunidades e Desafios para Geração Eólica Offshore no Brasil e a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono", lançado pela CNI, o mundo tinha uma capacidade instalada de geração de energia eólica offshore de 55,9 gigawatts (GW) em 2021, concentrada principalmente na China e na Europa. A previsão é que esse número alcance 260 GW em 2030 e 316 GW até 2040, com investimentos de até US$ 1 trilhão.

O Brasil possui um potencial inexplorado para geração de energia eólica offshore de até 700 GW, o que representa 3,6 vezes a capacidade total de energia elétrica já instalada e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW). Embora não haja uma estimativa exata de quando o país atingirá esse patamar, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou 78 pedidos de licenciamento para usinas eólicas offshore, com potencial de geração de 189 GW até 30 de agosto.

A inclusão da energia eólica offshore na matriz energética brasileira é crucial para o cumprimento das metas climáticas do Acordo de Paris. O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até 2030, além de alcançar emissões líquidas neutras até 2050.

Além de impulsionar a transição energética, o estudo destaca a oportunidade de exportar o excedente de energia gerada, bem como promover a economia do hidrogênio de baixo carbono. O hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis como a energia eólica, pode ser usado em setores intensivos de consumo energético e na fabricação de fertilizantes.

O levantamento da CNI identificou que as regiões com maior potencial para a geração de energia eólica offshore estão na costa nordestina, entre Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte; entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, no Sudeste; e na Lagoa dos Patos, no litoral do Rio Grande do Sul.

No entanto, desafios regulatórios, logísticos e ambientais precisam ser superados para a expansão dessa forma de geração de energia. A CNI defende a criação de um marco regulatório específico para a energia eólica offshore, a fim de orientar o desenvolvimento da atividade. A Petrobras já demonstrou interesse na geração eólica offshore e firmou parceria com a multinacional norueguesa Equinor para avaliar projetos nesse segmento.

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