O governo da Nicarágua, liderado por Daniel Ortega, ordenou o fechamento imediato das operações da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no país, após a divulgação de um relatório que apontou um aumento na subalimentação da população. Segundo o documento, o percentual de nicaraguenses subalimentados subiu de 19,2% para 19,6% entre 2021 e 2023, representando cerca de 1,4 milhão de pessoas sem acesso adequado a alimentos.
Em carta enviada ao diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, o chanceler nicaraguense, Valdrack Jaentschke, acusou a organização de publicar informações falsas sem consultar o governo. "Rejeitamos [o informe] por carecer de objetividade, rigor metodológico, por conter informação falsa, com tendência injerencista, agressiva e que foi difundida de maneira mal-intencionada com fins políticos", afirmou Jaentschke.
O relatório da FAO também destacou que 27,3% da população nicaraguense não pode arcar com uma dieta saudável, e que o custo diário dessa dieta por pessoa aumentou de US$ 4,07 para US$ 4,61 no período analisado. O governo de Ortega considerou que o documento busca "desprestigiar" suas políticas de combate à pobreza e segurança alimentar.
Esta ação soma-se a outras medidas do governo nicaraguense contra organismos internacionais nos últimos anos, incluindo a expulsão da Oficina do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em 2018, após a publicação de um relatório que denunciava graves violações de direitos humanos no país.
Até o momento, a FAO não se pronunciou sobre a decisão do governo nicaraguense.