O Estado e o governo estão ausentes na maioria dos municípios do Piauí, mas uma decisão do governador piauiense Rafael Fonteles, do PT, vai colocar representações na Estônia em Portugal, como “medida de internacionalização da economia”, com “objetivo de “atrair investimentos estrangeiros”.
A Estônia, onde será aberta uma dessas “embaixadas” é um dos três países bálticos que até 30 anos atrás estava ligado à extinta União Soviética. Em 2019, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o intercâmbio comercial entre o Brasil e aquela nação báltica era de US$ 38,8 milhões. As exportações brasileiras foram de US$ 18,4 milhões e as importações, de US$ 20,4 milhões.
Não parece haver grande espaço para a captação de negócios entre os estonianos e os piauienses a julgar pelo minúsculo comércio bilateral.
O governador Fonteles afirma, porém, que o escritório em capital estoniana, será para “atração de empresas de tecnologia para o Piauí”.
Por falta de incentivos e impostos escorchantes o Piaui tem perdido oportunidades de investimentos porque empresa ou indústria não quer aqui se instalar e as que já estavam, foram para outros estados.
Outro escritório, a ser aberto em Portugal, estaria ligado a um Plano Estadual de Hidrogênio Verde, que o governador Rafael Fonteles pretende lançar em 6 de abril. Também serviria para, em Lisboa, tratar da atração de investimentos estrangeiros.
Portugal lançou em fevereiro deste ano o Programa de Apoio à Produção de Hidrogénio Renovável e outros Gases Renováveis, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem entre seus objetivos a criação de um «corredor verde do hidrogénio» desenvolvido por França, Portugal e Espanha, segundo informes do próprio governo português.
Não há informações sobre cooperação bilateral com o Brasil e seus entes subnacionais como o Piauí.
Não está claro como o governo do Piauí irá fazer para abrir as representações “diplomáticas” do estado nas capitais estoniana e portuguesa.
Aí ficam as perguntas: seria o representante um servidor público estadual o ocupante dos escritórios? Receberia em euros o representante em Portugal?
O representante em Talim receberia em coroas estonianas? Haveria um corpo de suporte para esse representante? Quanto custaria manter uma sala ou mais espaços para os escritórios?
Há previsão orçamentária para viabilizar formal e financeiramente essa ideia internacionalista do governo do Piauí?
Esse emprego de luxo de “embaixador” seria também usado no amplo balcão de negociação político-partidária que é o governo?