PF descobre documento que liga Anderson Torres a bloqueios da PRF no 2° turno

O documento de inteligência mapeou pontos em que o presidente Lula teve mais votos no primeiro turno

A Polícia Federal descobriu um documento que detalha locais onde o ex-presidente Lula foi o mais votado no 1° turno das eleições, que teria sido produzido pelo ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, para orientar os bloqueios realizados pela Polícia Rodoviária Federal no 2° turno das eleições com objetivo de impedir eleitores do petista de votar.

Foto: Isaac Amorim/MJSP
Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

O documento foi produzido pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a delegada federal Marília Alencar, que posteriormente se juntou a Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal como subsecretária de Inteligência.

De acordo com investigadores, o material foi utilizado para colocar em prática um plano que daria a vitória das eleições para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi constatado que os locais mapeados com mais votos para Lula foram exatamente os pontos onde ocorreram os bloqueios da PRF. As interdições só cessaram depois que o ministro Alexandre de Moraes interviu e ameaçou de prisão o então superintendente da PRF, Silvinei Vasquez.

A descoberta do documento complica a situação de Anderson Torres, que está preso desde os atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília. Em sua casa, a PF encontrou a minuta golpista, que defendia a decretação de Estado de Defesa no TSE para mudar o resultado da eleição presidencial e dar a vitória a Bolsonaro.

Marília Alencar foi convocada a depor na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Questionada sobre suas simpatias pelo ex-presidente, ela negou ser bolsonarista.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o "dossiê antifascista" elaborado por Marília em 2020 um "desvio de finalidade no uso da máquina pública para produção e compartilhamento de informações" sobre servidores que se opunham ao governo Bolsonaro. À época, o Ministério da Justiça tinha à frente o hoje ministro do STF André Mendonça.

O deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da CPI, destaca a ligação de Marília com Torres e afirma que, para ele, está claro que eles tentaram atrapalhar as eleições e planejaram dificultar a chegada dos eleitores nas urnas, e que depois se aliaram para dar um golpe.

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