PF investiga Bolsonaro em suposto esquema de venda ilegal de joias da União

A corporação solicitou quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente para averiguar a suspeita

A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre um suposto esquema de venda ilegal de joias e bens de luxo da União com o objetivo de favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os itens, que foram recebidos como presentes oficiais de governos estrangeiros, deveriam integrar o acervo do Estado, porém, teriam sido negociados em dinheiro vivo para aumentar o patrimônio privado do ex-chefe do Executivo.

Foto: Reprodução
Desde que o assunto das joias iniciou, a polícia descobriu um esquema de venda dos itens da União.

De acordo com informações da Polícia Federal, a suspeita é de que a venda desses objetos preciosos era feita sob orientação de Bolsonaro e teria rendido cerca de R$ 1 milhão para o ex-presidente. A investigação aponta que um dos elementos chave nesse esquema foi o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que atualmente se encontra preso. Era ele quem executava os planos e transportava os itens em viagens oficiais nos aviões da FAB.

A PF conseguiu obter evidências de que as joias e bens de luxo, que deveriam ser parte do acervo público, foram vendidos nos Estados Unidos. Entre esses itens estava um relógio de platina cravejado de diamantes, que Bolsonaro recebeu como presente em uma viagem à Arábia Saudita em 2019. Esses objetos preciosos teriam sido comercializados, gerando um montante de US$ 68 mil (cerca de R$ 346 mil) em uma loja de relógios nos EUA.

Um desses itens teria sido vendido e posteriormente comprado de volta para a devolução exigida pelo TCU.

O esquema teria contado com a participação de diversas pessoas ligadas ao ex-presidente, incluindo o pai do tenente-coronel Mauro Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, além de outros assessores e aliados de Bolsonaro. A investigação revelou que o grupo teria comercializado não apenas joias, mas também esculturas de luxo, que foram retiradas do país em aviões da Força Aérea Brasileira e na aeronave presidencial.

Mensagens que a Polícia Federal interceptou nos celulares de envolvidos mostram parte das negociações e orientações para a venda dos itens. Em certo momento, o ajudante de ordens, Mauro Cid, chega a mencionar uma quantia em dinheiro vivo que estaria com seu pai, mas seria do ex-presidente, e afirma que o pai iria entregar em mãos pois "quanto menos movimentações de banco, melhor".

Em outras mensagens, diálogos suspeitos indicam a movimentação das peças e a tentativa frustrada de leiloar as preciosidades em Nova York. 

A operação, chamada de "Lucas 12:2", teve autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e resultou em buscas e apreensões em endereços ligados aos envolvidos. A PF também solicitou a quebra de sigilo fiscal e bancário de Jair Bolsonaro e pediu para que ele seja ouvido no inquérito.

Até o momento, as investigações indicam que o suposto esquema de venda ilegal de joias e bens de luxo da União é parte de uma complexa rede de atividades que visava aumentar o patrimônio privado de Bolsonaro, contornando os procedimentos legais e desviando itens públicos para fins pessoais. A apuração ainda está em andamento e mais detalhes deverão ser revelados à medida que novas informações forem coletadas.

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