Um recente estudo do Relatório de Inteligência Digital da FGV Comunicação Rio mostrou que o atentado contra o ex-presidente Donald Trump, ocorrido no dia 13, gerou um volume de menções 113% maior na plataforma X (antigo Twitter) no Brasil em comparação com a desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição, anunciada no último domingo (21).
O relatório, coordenado pelo professor Marco Aurélio Ruediger, analisou 2,4 milhões de postagens entre 27 de junho e 22 de julho e encontrou 532.839 menções ao atentado contra Trump, contra 249.592 menções à saída de Biden e seu endosso à candidatura da vice-presidente Kamala Harris.
A maior repercussão do atentado é atribuída à dificuldade da direita brasileira em se adaptar à nova dinâmica eleitoral americana, com a entrada de Kamala Harris na corrida presidencial. A reação nacional ao atentado contra Trump foi mais intensa devido à narrativa já estabelecida sobre uma suposta perseguição política contra líderes de direita, o que contrasta com a relativa novidade da desistência de Biden e a entrada de Harris como candidata.
O estudo observa que, enquanto a direita brasileira se mobilizou fortemente em torno do atentado a Trump, associando-o à facada sofrida por Jair Bolsonaro na campanha de 2018, a desistência de Biden gerou menos entusiasmo. As comparações com o cenário político brasileiro incluíram alegações de que Biden, com 81 anos, não teria condições para concorrer à reeleição, uma narrativa que agora pode ser usada pela esquerda contra Trump, que tem 78 anos.
O professor Ruediger destaca que a direita brasileira, ainda absorvendo o impacto da entrada de Kamala Harris na disputa, não conseguiu gerar uma reação eficaz, e o silêncio nas redes sociais refletiu essa dificuldade. Ele sugere que a direita está aguardando a resposta dos apoiadores de Trump para formular uma nova estratégia.
O estudo também aponta que as narrativas da direita no Brasil têm se concentrado em questionar a nacionalidade de Kamala Harris e em promover a ideia de que ela seria uma adversária mais fácil para Trump do que Biden. O engajamento nas redes sociais brasileiras sobre as eleições americanas é predominantemente impulsionado pela direita, que busca espelhar-se com os conservadores dos EUA.
A expectativa é que uma eventual vitória de Trump possa fortalecer a direita globalmente e impactar positivamente a candidatura de Jair Bolsonaro no Brasil, contribuindo para uma possível reversão de sua inelegibilidade.