Brasileiros rejeitam mudanças na Ficha Limpa e dividem opinião sobre anistia

Pesquisa mostra 83% contra alteração na lei e empate técnico sobre atos de 8 de Janeiro

Uma pesquisa AtlasIntel, divulgada no domingo (16), revelou que 83% dos brasileiros rejeitam mudanças na Lei da Ficha Limpa, criada em 2010 para moralizar a política eleitoral no país. A proposta de reduzir o prazo de inelegibilidade de políticos condenados, atualmente de oito anos, recebe apoio de apenas 14% dos entrevistados.

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Urna eletrônica.

O projeto, de autoria do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), é uma das prioridades da oposição, pois beneficiaria políticos como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030 após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A pesquisa também revelou uma divisão sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, que é defendida por bolsonaristas.

Dos entrevistados, 51% apoiam a medida, enquanto 49% são contrários, um empate técnico dentro da margem de erro de três pontos percentuais. Entre os eleitores de Bolsonaro no segundo turno de 2022, 99% apoiam a anistia, enquanto 96% dos eleitores de Lula rejeitam a ideia. A proposta de anistia é parte de uma estratégia para blindar Bolsonaro das investigações sobre sua suposta participação na tentativa de golpe, mas bolsonaristas avaliam que a alteração da Ficha Limpa seria mais eficaz para permitir que o ex-presidente concorra novamente em 2026. Os números mostram que até mesmo parte dos apoiadores de Bolsonaro é contra mudanças na Lei da Ficha Limpa.

Segundo o levantamento, 58% de seus eleitores rejeitam o afrouxamento das regras, enquanto 34% são favoráveis. A proposta de Bibo Nunes, que visa reduzir o prazo de inelegibilidade para dois anos, foi criticada por afrouxar punições contra políticos corruptos, gerando má repercussão. Em resposta, o PL estuda ajustar o texto, mas a ideia enfrenta forte oposição popular.

"Oito anos é muito tempo e serve para punições políticas e não criminosas", defendeu Nunes em suas redes sociais, destacando que a medida abriria caminho para a candidatura de Bolsonaro em 2026. A pesquisa também apontou rejeição a outros projetos em tramitação no Congresso. Um exemplo é o aumento no número de deputados federais, defendido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que propôs a elevação de 513 para 527 cadeiras.

A medida visa evitar que estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul percam vagas após a revisão da divisão de cadeiras determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base no Censo 2022. No entanto, 97% dos brasileiros são contra a proposta, reforçando a insatisfação geral com mudanças que aumentem privilégios políticos ou reduzam a integridade das leis eleitorais.

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