CCJ aprova punições mais duras para crimes com imagens íntimas e uso de IA

Projeto prevê até 10 anos de prisão para quem ameaçar divulgar conteúdo íntimo ou usar inteligência artificial para expor vítimas

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta semana um projeto de lei que endurece a punição para crimes relacionados à divulgação ou manipulação de imagens íntimas, inclusive com uso de inteligência artificial. A proposta, que ainda precisa ser votada no Plenário, é considerada um avanço na proteção da privacidade e da dignidade das vítimas em um cenário de crescente criminalidade virtual.

Foto: Reprodução
Câmara dos Deputados

O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ao Projeto de Lei 9043/17, do ex-deputado Felipe Bornier, e outros projetos apensados. Ele equipara à extorsão (pena de 4 a 10 anos de reclusão e multa) a prática de ameaçar alguém com a divulgação de imagens íntimas ou vídeos que contenham nudez ou atos sexuais com o intuito de obter vantagem.

O projeto também tipifica como estupro o ato de constranger alguém a manter relações sexuais sob ameaça de divulgação de material íntimo, com pena de reclusão de 6 a 10 anos.

Outro ponto relevante é o aumento da pena para quem produzir ou registrar conteúdo íntimo sem o consentimento dos envolvidos. A pena atual, de detenção de 6 meses a 1 ano, passa a ser reclusão de 1 a 2 anos, além de multa.

O substitutivo também inova ao incluir entre os crimes:

a criação de montagens de fotos, vídeos ou áudios, inclusive com o uso de inteligência artificial, que exponham pessoas em cenas íntimas;

o registro não autorizado de partes íntimas do corpo de vítimas;

e o constrangimento de terceiros a realizarem esse tipo de registro.

Durante a discussão, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) destacou a relevância do projeto diante do crescimento de crimes virtuais, especialmente contra crianças e adolescentes. “Essa proposta vem em bom momento, em que observamos uma diversidade de crimes na internet. São pessoas que se escondem no anonimato para constranger vítimas”, afirmou.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também elogiou a medida, ressaltando que a proposta está entre as primeiras legislações brasileiras a tratar especificamente do uso de inteligência artificial em crimes de exposição íntima.

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