Tumulto e gás lacrimogêneo contra indígenas em protesto na Esplanada

Polícia Legislativa atua para dispersar manifestação que exigia direitos dos povos originários

Um grupo de cerca de mil indígenas que protestava na Esplanada dos Ministérios foi dispersado, na quinta-feira (10), com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo após tentar ultrapassar as grades de proteção que cercam o gramado do Congresso Nacional. Os manifestantes eram parte do Acampamento Terra Livre (ATL), que se encontra em Brasília desde segunda-feira (7).

Foto: Reprodução | AFP
Indígenas enfrentam Polícia Federal e conseguem entrar no Congresso Nacional.

Entre os atingidos pelo gás estava a deputada federal Célia Xakriabá (PSol-MG), que denunciou a ação violenta em suas redes sociais. Em um vídeo, Xakriabá aparece visivelmente afetada pelo gás lacrimogêneo e questiona a presença da polícia "Eu sou deputada. Por que você jogou spray de pimenta em mim? Meu olho está morrendo de dor. Eu sou deputada!". A parlamentar relatou que foi constrangida e agredida, e precisou de atendimento médico após a ação policial, enfatizando a violência do Estado contra os povos indígenas e a discriminação institucional que afeta as mulheres no Parlamento.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, duas mulheres foram atendidas com mal súbito durante a dispersão. Uma delas foi transportada para a UPA de São Sebastião e a outra para o IHBDF, ambas estavam conscientes e estáveis. A Câmara e o Senado justificaram a ação policial, alegando que foi necessária para evitar que os indígenas ultrapassassem áreas de segurança previamente delimitadas.

A Presidência do Senado classificou o avanço dos manifestantes como "inesperado" e afirmou que a contenção era necessária para garantir a segurança de servidores e visitantes. Em nota, a Câmara ressaltou que havia um acordo com os líderes indígenas para que a manifestação ocorresse até a Avenida José Sarney, antes da Avenida das Bandeiras, e que o descumprimento desse acordo levou à intervenção policial.

A Polícia Militar do Distrito Federal afirmou que acompanhou as manifestações ao longo da semana e não retornou ao contato da reportagem sobre a responsabilidade pelo uso de spray de pimenta contra a deputada. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) ainda não havia se manifestado sobre o ocorrido até o fechamento desta matéria.

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