Erika Hilton é registrada como 'masculino' em visto diplomático do Governo Trump

Deputada denuncia transfobia e articula ação contra EUA após negativa de identidade de gênero

A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) denunciou, nesta quarta-feira (16), que o governo dos Estados Unidos desconsiderou sua identidade de gênero ao emitir um visto diplomático para o evento Brazil Conference at Harvard & MIT 2025. De acordo com a parlamentar, o consulado norte-americano em Brasília registrou seu "sexo biológico" como masculino, ignorando sua certidão de nascimento retificada e seu passaporte brasileiro, que confirmam seu gênero feminino. Hilton expressou indignação com a situação, que ela descreveu como uma forma de transfobia de Estado.

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputada Erika Hilton.

A deputada, que deveria participar de um painel intitulado "Diversidade e Democracia" no dia 12 de abril, já havia obtido um visto da mesma embaixada em 2023, que respeitava sua identidade de gênero. A mudança no tratamento ocorre após um decreto assinado pelo ex-presidente Donald Trump em janeiro de 2025, que não reconhece a identidade de pessoas trans no estado americano. ""É transfobia de Estado. Trump transformou o governo americano em máquina de perseguição a minorias", afirmou Hilton, destacando a gravidade da situação.

Hilton informou que já acionou o Itamaraty e está articulando uma ação jurídica internacional contra o governo dos Estados Unidos. Ela criticou a política adotada pelo governo americano, classificando-a como "higienista e desumana", e ressaltou que esse tipo de discriminação não apenas afeta cidadãos trans, mas também desrespeita a soberania do Brasil em emitir documentos que devem ser respeitados pela comunidade internacional. "É muito grave o que os Estados Unidos têm feito com as pessoas trans que vivem naquele país e quem lá ingressa. É uma política higienista e desumana que além de atingir as pessoas trans também desrespeitam a soberania do governo brasileiro em emitir documentos que devem ser respeitados pela comunidade internacional", enfatizou.

Até o momento da publicação desta matéria, o Itamaraty e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil não haviam respondido aos questionamentos feitos pela reportagem sobre o caso. A situação levanta questões importantes sobre os direitos das minorias e o reconhecimento da identidade de gênero em processos legais internacionais, além de colocar em evidência a política de imigração e direitos humanos sob a administração de Trump. A luta de Erika Hilton não apenas reforça sua experiência pessoal e também se torna um símbolo de resistência contra a discriminação e pela inclusão de pessoas trans.

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