O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em meio a um cenário de instabilidade econômica. Em postagens feitas no Truth Social, Trump pediu cortes nas taxas de juros, referindo-se a Powell como "Sr. tarde demais" e acusando-o de favoritismo político em relação à administração do ex-presidente Joe Biden. Ele argumentou que “praticamente não há inflação” no país e exigiu ações imediatas para evitar uma desaceleração econômica, enquanto os mercados financeiros começaram a reagir negativamente a essas declarações.
As críticas de Trump tiveram um impacto significativo nas bolsas de valores de Nova York, que abriram a semana com quedas superiores a 2%. O índice Dow Jones caiu 2,48%, enquanto o Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, recuou 2,46%. A pressão sobre o mercado financeiro aumentou, especialmente após a divulgação de que Trump considerou demitir Powell, uma ação que, segundo analistas, poderia gerar desconfiança e levar a uma queda ainda mais acentuada nos mercados.
A relação tensa entre Trump e Powell é intensificada pelas incertezas geradas pelas tarifas de importação impostas pelo presidente, que afetam diretamente a inflação e complicam o cenário econômico. Powell já havia sinalizado que as medidas protecionistas de Trump poderiam comprometer as metas do Fed, que busca garantir preços estáveis e pleno emprego. A fala de Trump, que sugere uma interferência política sobre a autoridade monetária, tem gerado preocupações entre investidores, que temem um possível estresse no mercado e uma desaceleração no crescimento econômico.
A situação é ainda mais complexa para países emergentes como o Brasil, onde as incertezas nos EUA podem traduzir-se em fuga de capitais e volatilidade no câmbio. Analistas destacam que a pressão sobre o Fed e as declarações de Trump criam um ambiente de instabilidade que pode dificultar o controle da inflação. Especialistas como João Kepler, CEO da Equity Group, afirmam que as críticas públicas do presidente dos EUA à política monetária podem desancorar as expectativas dos investidores, aumentando a volatilidade dos mercados globais e complicando a resposta da economia brasileira a choques externos.