O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, declarou que seria "desejável" que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação aos atos golpistas fosse concluído ainda em 2025, antes do período eleitoral. Em entrevista ao jornal O Globo, Barroso enfatizou que, embora a Justiça e o processo eleitoral sejam esferas distintas, é preferível que decisões judiciais de grande impacto não coincidam com a campanha eleitoral. Ele destacou que a conclusão do julgamento dependerá do andamento dos processos e da produção de provas, incluindo a oitiva de testemunhas.
Barroso também se posicionou contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, considerando o perdão inadequado diante da gravidade dos crimes. "Não acho que seja o caso de anistia, porque anistia significa perdão. E o que aconteceu é imperdoável", afirmou. O presidente do STF sugeriu que, se o Congresso desejar reduzir penas, o caminho adequado seria por meio de mudanças na legislação, em vez de conceder anistia. Ele ressaltou que eventuais alterações nas penas teriam efeito imediato, se aprovadas.
Em defesa do ministro Alexandre de Moraes, que tem conduzido ações relativas aos eventos de 8 de janeiro, Barroso ressaltou os desafios enfrentados por Moraes, incluindo ameaças à sua vida e de sua família. "Acho que ele tem o protagonismo que mereceu", afirmou Barroso, elogiando a atuação do ministro no contexto da crise. Ele também respondeu a críticas sobre o suposto excesso de poder do STF, afirmando que a Corte atua dentro dos limites constitucionais e que muitas vezes é acionada devido à inação do Congresso em legislar sobre temas polêmicos.
Com seu mandato à frente do STF terminando em setembro, Barroso não planeja antecipar sua aposentadoria e expressou apenas um arrependimento: não ter avançado na conscientização sobre o direito ao aborto no Brasil. Ele minimizou a tensão entre os Poderes, afirmando que as relações com o Congresso são positivas, embora existam divergências.