Lula turbina salários de 323 aliados; Osmar Júnior é um deles

Osmar Júnior ocupa cargo no ministério de Wellington Dias

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu, nos primeiros meses de gestão, uma ampla rede de nomeações políticas para cargos estratégicos, contemplando 323 aliados com assentos em conselhos de estatais e empresas privadas com participação da União. 

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Osmar Jr. fidelidade canina. É o PT que o sustenta

Segundo levantamento divulgado pelo Estadão, esses postos oferecem remuneração extra que, em alguns casos, elevam os rendimentos de autoridades públicas para valores superiores a R$ 80 mil, mensais.

Os beneficiados incluem ministros, secretários-executivos, chefes de gabinete, dirigentes partidários, ex-parlamentares e apadrinhados políticos do Congresso Nacional. Um deles, que pode se considerar afortunado nas gestões petistas, é o comunista Osmar Júnior, que nesse escambo já conquistou mandatos de vice-governador, deputado federal, cargos para parentes e afins, além de obras e outras benesses.

A prática, embora prevista em lei e respaldada pelos comitês de elegibilidade das estatais, vem sendo alvo de críticas devido ao perfil técnico de parte dos indicados e ao impacto no orçamento público.

Entre os ministérios mais contemplados com assentos em conselhos estão a Fazenda, com 101 representantes; a Gestão, com 44; e Minas e Energia, com 23. Indicações também foram feitas em áreas como Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Saúde, Cidades e Transportes.

De acordo com o Palácio do Planalto, as nomeações seguem as normas da Lei das Estatais e atendem à necessidade de “pluralidade de perfis” nos colegiados. 

No entanto, a reportagem revela que diversos cargos foram ocupados por figuras com laços diretos com lideranças políticas e trajetória restrita a articulações partidárias, sem experiência comprovada na gestão pública ou nas áreas técnicas das empresas onde passaram a atuar.

O (mau) exemplo do Piauí

O cenário de fortalecimento da base política no governo federal também se reflete na ocupação de cargos de alta gestão por aliados regionais de um desses laureados com conselho, este no SESC.

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Osmar Junior ganhou via Ministério do Desenvolvimento Social, cargo no conselho do SESC

Osmar Ribeiro de Almeida Júnior, é ex-vice-governador do estado e um dos históricos militante do PCdoB.

Ligado pessoalmente ao presidente Lula e ao atual ministro Wellington Dias, Osmar Júnior foi nomeado para um cargo comissionado, exercendo a função de Secretário-Executivo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, tornando-se o segundo em comando na pasta.

Sua trajetória política é exemplo clássico do “amigo que precisa ser premiado” quando fora da política partidária. Foi vice-governador do Piauí em duas gestões (1998–2006) e deputado federal por dois mandatos (2007–2015). 

Sem êxito em novos mandatos eletivos, assumiu a Secretaria de Governo do Piauí no último mandato de Wellington Dias e, agora, ocupa posição no governo federal.

Segundo informações do Portal da Transparência, Osmar Júnior recebe uma remuneração líquida de R$ 27.607,85, acrescida de R$ 1.000,00 a título de verbas indenizatórias.

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Salário de Osmar no Ministério de Wellington Dias

Desde que assumiu o cargo federal, Osmar realizou viagens oficiais nacionais e internacionais — incluindo missão à China —, totalizando mais de R$ 140 mil em despesas com diárias e deslocamentos. 

Ida e vinda ao Piauí

Mas o destaque fica para as viagens realizadas a Teresina, cidade onde mantém residência, todas custeadas pelo governo federal. 

Custeadas pelo governo federal? Como assim? Se ele tem residência fixa na capital piauiense?   

Entenda, então a esperteza

Entre o final de 2024 e o início de 2025, Osmar Júnior recebeu diárias para ao menos quatro viagens a Teresina, com valores individuais variando entre R$ 3.311,46 e R$ 10.478,70. As viagens ocorreram em:
    •    28 de outubro de 2024 (R$ 3.311,46)
    •    21 a 22 de novembro de 2024 (R$ 6.674,51)
    •    27 a 29 de novembro de 2024 (R$ 5.885,31)
    •    24 a 27 de janeiro de 2025 (R$ 10.478,70)

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Uma das viagens para Teresina custou mais R$ 10 mil de dinheiro do contribuinte

As diárias cobriram despesas com deslocamento, hospedagem e alimentação — benefícios pagos mesmo quando o destino era a cidade natal do próprio secretário, onde ele já dispunha de moradia e infraestrutura próprias.

Com um histórico de militância no PCdoB desde os anos 1980, Osmar Júnior representa o perfil típico da indicação política baseada em laços partidários, agora incorporado à máquina administrativa federal sob a atual gestão.

Aos amigos, os cargos.

Vendo a sua sofreguidão por cargos públicos, o então deputado estadual Francisco Figueiredo (MDB) chegou a pontuar a célebre frase:

“Quer ver um comunista dócil, sem criticar o governo? Dê-lhe um contracheque.”

Era o primeiro contracheque de Osmar Júnior, ainda nos anos 1980, no governo de Alberto Silva. De lá para cá… bem, isso já é outra história.

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