O Brasil enfrenta um grave problema de sedentarismo, com 52% da população raramente ou nunca praticando atividades físicas, conforme aponta a pesquisa Saúde e Trabalho realizada pelo Serviço Social da Indústria (SESI) em 2023.
Apesar das evidências científicas que destacam os benefícios da atividade física para a saúde, apenas 22% dos brasileiros se exercitam diariamente e 13% o fazem pelo menos três vezes por semana. Essa situação é preocupante, pois a falta de atividade física está diretamente ligada ao aumento de problemas de saúde, como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
O cenário global também é alarmante, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatando que uma em cada quatro pessoas adultas não atinge os 150 minutos semanais de exercícios moderados recomendados. Um alerta da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revela que, em 2022, cerca de 1,8 bilhão de adultos não praticaram os níveis recomendados de atividade física, representando 32% da população. Se não houver intervenções eficazes, essa taxa pode aumentar para 35% até 2030, resultando em um aumento real no risco de diversas doenças.
Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) reconheça a importância da atividade física e tenha implementado iniciativas como o programa Academia da Saúde e o Incentivo Federal para a Promoção da Atividade Física (IAF), o Brasil ainda carece de uma política nacional robusta para combater o sedentarismo. Pesquisas indicam que apenas 37,6% das unidades de saúde foram financiadas pelo IAF, revelando desigualdades significativas na alocação de recursos, especialmente em municípios de menor prioridade.
Fábio Carvalho, educador físico e pesquisador do Instituto Nacional do Câncer, enfatiza a necessidade de uma Política Nacional de Prática Corporal de Atividade Física que aborde as desigualdades sociais e promova a inclusão. Ele argumenta que a discussão sobre atividade física deve ir além da prevenção de doenças, enfatizando também a socialização e o prazer que a prática pode proporcionar. A mobilização social já existe, mas é necessário um avanço político para consolidar essas iniciativas e garantir que todos tenham acesso à atividade física como parte integrante de um estilo de vida saudável.