Marden, o homem que se recusou a crescer

Somente os náufragos têm ideias verdadeiras, conclui José Ortega y Gasset em um trecho de ‘La Rebelión de Las Masas’.

Por Ribas Doran,

Somente os náufragos têm ideias verdadeiras, conclui José Ortega y Gasset em um trecho de ‘La Rebelión de Las Masas’.

O filósofo espanhol nota que os homens destroem a profundidade de seus valores e por consequência, definhavam suas consciências e se perdiam pela vida, ‘‘observai os que vos rodeiam e vereis como avançam perdidos em sua vida’’.

Foto: Reprodução/InternetMarden Menezes
Marden Menezes

Mas até os homens perdidos tem alguma noção da realidade, mas preferem a farsa, pois ‘‘[…] tem pavor de se encontrar cara a cara com essa realidade terrível, e procura ocultá-la com uma cortina fantasmagórica’’.

Mas os náufragos, aqueles que sabem que estão à deriva, diante da ideia da crise e da finitude, se apegam à realidade como se fosse um casco de um barco a flutuar no mar revolto. Quem sabe que está perdido, acaba por se achar e por ver as ideias mais profundas do ser.

Mas essas ideias não existem nos homens que não cresceram, que vivem no paraíso eterno da infância.

Marden é este homem, que por ter tido tudo na vida, não foi capaz de aprender valores universais além de sua vontade. Não aprendeu a ser fiel aos seus valores, pois nunca teve valor algum.

Talvez a vida abastada tenha feito dele mimado.

Lembro que Josiah Royce, o último moralista americano, vindo de família de imigrantes pobres, teve uma vida difícil. Foi o grande pensador de Harvard do Séc. XX, era impossível, mas seus vizinhos se uniram e terminaram por pagar os estudos do brilhante jovem.

Josiah aprendeu a ser leal.

A lealdade é uma espécie de devoção, se fazendo de forma voluntariosa e como atitude prática. O homem leal não é especulativo, ele é das ações, daí que agir segundo a moral da lealdade não é vago ou abstrato. Ao ser leal, o homem termina por adquirir personalidade moral de si e da importância dela nos outros.

Mas como um barco sem rumo, sendo ora da oposição e ora do petismo, Marden vai ao sabor do vento da antipatia geral. Sendo fadado ao fracasso de afundar ou a deriva eterna.

Ninguém foi capaz de dizer ao deputado que a traição tem consequências, o julgamento dos seus contemporâneos e o esquecimento da história. Aquele que sonhou está em todos os lados, termina por ficar só.

Marden é Peter Pan, infantil e solitário

Fonte: Ribas Doran- o “estagiário” do O Piauiense

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