Tuiuti leva Xica Manicongo à Sapucaí em ato de resistência e representatividade

Enredo destaca a primeira mulher trans do Brasil e reforça luta contra preconceito e violência

Por Dominic Ferreira,

A Paraíso do Tuiuti leva a avenida a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. O enredo, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, retrata os desafios enfrentados por Xica, escravizada no Congo e trazida para Salvador, onde foi perseguida por sua religiosidade e dissidência de gênero. A escola, conhecida por seus enredos questionadores, busca dar visibilidade à luta das pessoas trans e celebrar o direito de viver sua identidade.

Foto: Reprodução | lucasantosph ]| InstagramXica enfrentou um vida de escravidão e repressão em Salvador.
Xica enfrentou um vida de escravidão e repressão em Salvador.

Xica Manicongo, que foi denunciada à Santa Inquisição por bruxaria e sodomia, é apresentada como símbolo de resistência, recusando-se a renunciar sua ancestralidade e religiosidade. Durante o desfile, quatro mulheres trans e travestis representarão Xica em diferentes momentos de sua vida, incluindo Daniela Raio Black na comissão de frente e a cantora trans Hud Burk como sacerdotisa quimbanda.

Foto: Reprodução | Instagram | @danielaraioblackDaniela Raio Black.
Daniela Raio Black.

De dia, Xica era obrigada a viver como Francisco, mas à noite, assumia sua verdadeira identidade, desafiando as barreiras impostas pela sociedade da época. O enredo é inspirado em pesquisas de acadêmicos como o professor Luiz Mott e em relatos de professores trans, que destacaram a importância histórica de Xica. Além disso, Vasconcelos compartilhou a experiência espiritual de se conectar com o legado de Xica durante a criação do enredo.

Para  Luiz Mott, o tema reflete a importância de respeitar a identidade de cada indivíduo e a luta por visibilidade e inclusão da comunidade trans. Com o desfile, a Tuiuti busca não apenas resgatar a história de Xica Manicongo, mas também reforçar a luta contra o preconceito e a violência enfrentados pelas pessoas trans no Brasil, o país que mais mata essa população.

A cantora Hud Burk destacou a importância do ato: "Ter Xica Manicongo como representante de uma escola de samba de grande visibilidade é um momento de total reparação histórica. É um momento de vitória , vitória pela nossa luta, pela nossa garra, pelas nossas feridas. É um ato de muita coragem da Tuiuti. É um ato de muita representatividade e eu tenho de certeza que Xica está muito feliz.”

Fonte: Agência Brasil

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