COPA: Protestos anti-homofobia preocupam a FIFA, que não sabe como reagir

No país sede da copa do mundo em 2022, ser gay é crime com punição severa, mesmo para turistas

Por Sabrina Alana,

A copa do mundo, um dos maiores eventos esportivos do planeta, vai começar em algumas semanas e apesar da expectativa diante desse evento gigantesco, a edição de 2022 tem uma pedra no sapato da FIFA. O país sede do evento possui uma cultura predominantemente muçulmana e como tal, é regido pela ‘Sharia’ (Lei com base no alcorão), que determina a pratica de homossexualidade como crime passível de penas severas, que vão desde prisão à apedrejamentos e chibatadas.
 

Foto: Reprodução: InstagramBraçadeira de capitão com símbolo do movimento inglês, One love
Braçadeira de capitão com símbolo do movimento inglês, One love

Esta é a primeira vez que uma Copa do Mundo será realizada no Oriente Médio, e a escolha foi polêmica. Em 2010, quando o país foi escolhido para sediar o evento, muitas críticas afloraram, não apenas a respeito do rigoroso sistema de leis, que proíbem até o consumo de álcool nos estádios, mas também críticas ao tamanho do país e seu baixo compromisso na garantia de direitos humanos básicos.

Desde então, a FIFA se esforça para reverter o efeito das críticas que pressionam a Federação e têm repetido desde 2010, o argumento de que o Qatar irá receber a todos muito bem - desde que todos respeitem as leis gerais do país.

O atacante inglês Harry Kane, começou antes mesmo da copa a utilizar uma braçadeira de capitão colorida com as cores da bandeira LGBTQIA+ e outras 9 seleções Européias já aderiram a campanha que pretende substituir a braçadeira padrão da FIFA para 2022, por uma estampada com o coração colorido, em alusão ao movimento ‘One Love’, que combate a homofobia.

Foto: Reprodução/InstagramHarry Kane usando braçadeira colorida em apoio à causa lgbtqia+
Harry Kane usando braçadeira colorida em apoio à causa lgbtqia+

A medida, no entanto, precisa ser aprovada pela Federação, que prioriza o padrão para todas as seleções participantes. Até o momento, a FIFA não deu nenhuma declaração a respeito das braçadeiras, assim como outros assuntos relacionados, que não ficaram claros sobre a posição da Fifa.

Em abril deste ano o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, presidente do Comitê Nacional de Contraterrorismo do Catar, declarou, em entrevista à The Associated Press, que bandeiras LGBTQ não serão permitidas dentro dos estádios onde ocorrerão os jogos da Copa do Mundo de 2022.

“Se um torcedor levantar uma bandeira de arco-íris e eu tirá-la de sua mão, não será porque eu quero ou porque o estou insultando. Será para protegê-lo. Porque se eu não fizer isso, alguém poderá atacá-lo. Não posso garantir o bom comportamento de todos. E vou dizer ao torcedor: ‘Por favor, não é necessário levantar a bandeira neste local'”, disse à Associated Press.

Porém a FIFA havia divulgado que bandeiras serão permitidas dentro dos estádios e festas oficiais da copa.

Foto: Divulgação: Site oficial da FIFASede da FIFA com bandeiras coloridas durante campanha do mês da diversidade
Sede da FIFA com bandeiras coloridas durante campanha do mês da diversidade

Na última segunda-feira (07) o embaixador do Qatar na Copa do Mundo, Khalid Salman disse em entrevista a emissora alemã ZDF, que a homossexualidade é um “dano na mente” e que os turistas precisam respeitar as leis do país. A declaração acabou sendo interrompida por outro membro da comissão presente, mas Khalid já havia dito o bastante.

Em resposta, ativistas estiveram no dia seguinte protestando no Museu da FIFA, com cartazes e camisetas. Os ativistas, pertencentes ao movimento All Out, afirmaram que o protesto tem a intenção de mostrar que o mundo está de olho no Qatar durante o Mundial.

As críticas e preocupações não param apenas na supressão de direitos LGBTQIA+, O Qatar tem histórico de desrespeito aos príncipios mais básicos dos direitos humanos, sendo palco de discriminação e opressão de gênero, crimes envolvendo tráfico de pessoas e trabalho escravo forçado, mulheres forçadas a prostituição e histórico de desrespeito a direitos trabalhistas básicos.

A FIFA segue tentando contornar a chuva de críticas ao Mundial, que já inicia no próximo dia 20, rebatendo as críticas com declarações de que o Qatar será acolhedor a todos os visitantes e pedindo a todos que mantenham o foco no futebol.

Fonte: Redação portal AZ

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