30 anos do real: Edmar Bacha destaca importância do controle das contas públicas

O real, ao completar 30 anos, deixa um legado de estabilidade monetária

Por Dominic Ferreira,

O real, a moeda brasileira que trouxe estabilidade monetária ao país, completa 30 anos, nesta segunda-feira (1º). Desde sua implementação, o real desempenhou um papel crucial na erradicação da hiperinflação e na restauração do poder de compra dos brasileiros. Edmar Bacha, um dos arquitetos do Plano Real, destacou a importância da vigilância contínua sobre as contas públicas para manter os legados dessa conquista.

Foto: Reprodução/Roque de Sá/Agência SenadoEconomista Edmar Lisboa Bacha.
Economista Edmar Lisboa Bacha.

Edmar Bacha atribui o sucesso e a continuidade do real ao aprimoramento da economia brasileira e às medidas implementadas ao longo dos anos. “A partir de 1999 e 2000, com a criação do tripé macroeconômico e a Lei de Responsabilidade Fiscal, foi possível assegurar a estabilidade de preços”, afirmou Bacha em entrevista à CNN.

Ele ressaltou a necessidade de uma vigilância constante e de instituições fortes para garantir a estabilidade econômica contra interesses populistas. “Como se dizia antigamente, ‘o preço da liberdade é a eterna vigilância’… o preço da estabilidade também é a eterna vigilância. Porque a tentação de governos de gastarem mais do que podem é permanente”, considerou.

Bacha lembrou do longo e complexo processo de implementação do Plano Real, composto por três fases. Ele enfatizou o papel crucial da comunicação para garantir a adesão da população ao novo plano econômico. Diferente de planos anteriores, o Plano Real foi integralmente pré-anunciado e negociado com o Congresso. “Esse plano foi diferente, ele foi integralmente pré-anunciado... a comunicação assumiu um papel central”, disse Bacha.

O economista destacou a importância das reformas estruturantes realizadas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, que foram fundamentais para a estabilização econômica. Essas reformas incluíram a privatização de empresas estatais, o fortalecimento de instituições financeiras e a implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

“A culminância desse processo foi a Lei de Responsabilidade Fiscal, do ano 2000... uma das condições básicas para a manutenção da estabilidade era que o governo gerasse superávits primários continuadamente”, explicou Bacha.

O Plano Real enfrentou diversas crises, como a desvalorização cambial de 1999 e o temor da eleição de Lula em 2002. Em ambos os casos, a estabilidade do real foi mantida graças a medidas econômicas prudentes. Mais recentemente, o plano foi testado durante o governo de Dilma Rousseff, quando o abandono do tripé macroeconômico gerou instabilidade econômica.

“Outro momento crítico foi no governo Dilma... Isso também foi uma crise que só se resolveu com o impeachment”, relembrou Bacha.

Bacha enfatizou a necessidade de responsabilidade fiscal para a continuidade do sucesso do real. “É preciso também ter responsabilidade fiscal que seja obedecida... o preço da estabilidade também é a eterna vigilância”, reiterou.

Comparando a situação do Brasil com a Argentina, Bacha destacou o legado do real como um marco de estabilidade econômica. “Imagina se o Plano Real não tivesse dado certo?... Nós estaríamos hoje na mesma situação da Argentina”, afirmou.

O real, ao completar 30 anos, deixa um legado de estabilidade monetária e reforça a importância da vigilância constante sobre as contas públicas para sustentar essa conquista.

Fonte: CNN Brasil

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