Jogo do Bicho entra nas bets autorizadas pelo governo com "Bicho no Pix"

O Ministério da Fazenda aprovou a operação de uma plataforma online de jogo do bicho, o "Bicho no Pix", entre as 204 casas de apostas autorizadas a funcionar no Brasil até dezembro deste ano. A decisão gera polêmica, uma vez que o jogo do bicho é considerado uma contravenção penal desde 1940, apesar de ser amplamente praticado no país.
A plataforma, operada pela empresa SPE Única Bet, tem sede em Goiânia, mas está registrada em Curaçao, no Caribe, e utiliza uma licença da *Gaming Board* de Anjouan, em União das Comores, um país da África Oriental. Além de realizar sorteios diários — 11 rodadas nesta quinta-feira (3), por exemplo — o site oferece um serviço curioso: um "decifrador de sonhos", que sugere animais para apostas com base no relato dos usuários. Com slogans como “Ganhe até R$ 100 mil no Bicho no Pix”, a plataforma usa redes sociais e influenciadores para atrair novos apostadores.

Foto: Reprodução

Plataforma Bicho no Pix sorteia recompensas várias vezes ao dia.

Operação e legalidade questionadas
O jogo do bicho, criado no Brasil em 1892, é amplamente conhecido por sua simplicidade e popularidade. Nele, cada animal é representado por um conjunto de números, e o apostador ganha se acertar a combinação sorteada. No entanto, essa atividade permanece ilegal sob a legislação atual, o que levanta dúvidas sobre a autorização do "Bicho no Pix" pelo governo federal.
Especialistas, como o professor Guilherme Klafke, da FGV Direito SP, destacam que, apesar do registro internacional, a oferta do jogo no Brasil permanece ilegal. “A lei considera a exploração do jogo do bicho uma contravenção penal, então, em tese, esse site não poderia disponibilizar esse jogo,” afirma Klafke. 
Além disso, a autorização de plataformas de apostas deve seguir os critérios estabelecidos por uma portaria do próprio Ministério da Fazenda, que inclui o cumprimento das leis vigentes no país. O advogado João Valença, especialista em direito criminal, considera a situação do Bicho no Pix "surpreendente", alertando para os riscos de crimes como lavagem de dinheiro e evasão fiscal associados a essas atividades.
Impactos e regulamentação
O governo federal tem aumentado a regulamentação do setor de apostas esportivas, exigindo licenças para operação legal no país. Empresas que não estão na lista de aprovadas pelo Ministério da Fazenda devem cessar suas atividades e permitir que os apostadores saquem seus recursos até 10 de outubro.
No entanto, a inclusão do Bicho no Pix nessa lista suscita debates sobre a aplicação das normas e a legalidade de jogos tradicionais, como o bicho, dentro de um contexto de apostas online. Esse cenário reflete a crescente complexidade do setor, com operadores buscando brechas legais para manter suas atividades no país.

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Foto: Reprodução

O site transforma sonhos de apostadores em indicações de animais para apostas vencedoras.

Decifrador de sonhos e influenciadores
A plataforma "Bicho no Pix" também aposta em inovações para atrair apostadores. Um exemplo é o serviço de “decifrador de sonhos”, que oferece interpretações baseadas em relatos dos usuários para sugerir animais nas apostas. Sonhos sobre futebol, por exemplo, resultam em recomendações como “Galo” para quem sonha com um título do São Paulo na Libertadores.
A plataforma tem presença ativa nas redes sociais, com mais de 50 mil seguidores no Instagram e apoio de influenciadores, como uma dupla sertaneja e um famoso jogador de sinuca.
 

Fonte: CNN Brasil