Nobel de Economia sugere cobrança por uso do TikTok e Instagram

Para Simon Johnson, modelo gratuito baseado em anúncios digitais ameaça a democracia e a saúde

Por Dominic Ferreira,

O economista britânico-americano Simon Johnson, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2024, defende que plataformas como TikTok, Instagram e outras redes sociais deveriam operar por meio de assinaturas pagas. Em entrevista à BBC, ele argumenta que o atual modelo gratuito, baseado em publicidade digital, promove manipulação emocional, dependência e polarização política, especialmente entre jovens. Segundo ele, esse sistema coloca em risco tanto a saúde mental quanto o funcionamento democrático das sociedades.

Foto: Getty ImagesSimon Johnson.
Simon Johnson.

Professor do MIT e autor do livro Poder e Progresso, Johnson acredita que o modelo de anúncios não apenas captura a atenção do usuário a qualquer custo, mas incentiva conteúdos polarizadores, desinformativos e emocionalmente apelativos. Ele explica que as plataformas utilizam algoritmos altamente sofisticados para manter as pessoas engajadas, muitas vezes despertando emoções como raiva e medo. “Você quer deixar as pessoas irritadas para mantê-las engajadas, porque ganha mais dinheiro assim”, afirmou.

Diante disso, Johnson propõe uma mudança radical no modelo de negócios das big techs: substituir a publicidade digital por assinaturas. Ele reconhece que muitos usuários poderiam resistir a essa ideia, mas lembra que já há ampla aceitação de pagamentos por serviços como Netflix ou Disney+. Ele também sugere políticas de preços acessíveis e escalonados, considerando diferentes realidades socioeconômicas. Para ele, pagar por um serviço seria preferível a continuar sendo “o produto”.

Além da crítica ao modelo atual, Johnson também defende a divisão de grandes conglomerados tecnológicos como a Meta, controladora do Facebook e Instagram, algo que, segundo ele, já se mostrou eficaz historicamente, como no caso da Standard Oil. O economista alerta para o poder desproporcional dessas empresas, que combinam influência industrial e controle da informação, e considera essencial limitar esse domínio para proteger a democracia e garantir que os avanços tecnológicos beneficiem a sociedade como um todo.

Fonte: BBC | Correio Braziliense

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