Demissão voluntária bate recorde em 2025 com 37,9% de pedidos em janeiro

Jovens e mulheres do comércio lideram desligamentos, em busca de melhores condições

Por Dominic Ferreira,

O Brasil registrou um aumento recorde na quantidade de pedidos de demissão voluntária em janeiro de 2025, alcançando 37,9% dos 2,13 milhões de desligamentos registrados. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), esse crescimento é reflexo de uma tendência já observada em 2024, quando quase 8,5 milhões de trabalhadores optaram por deixar seus empregos. Os dados mostram que 45% dos pedidos de demissão vieram de profissionais com ensino superior, indicando uma mudança significativa no comportamento do mercado de trabalho.

Foto: Reprodução | Marcelo Camargo | Agência BrasilCarteira de trabalho
Carteira de trabalho

Os números de janeiro revelam que 42% dos pedidos de demissão foram feitos por jovens de 17 a 24 anos, enquanto 40% foram solicitados por mulheres que trabalham no setor do comércio, onde a carga horária costuma ser intensa, com escalas exaustivas. Um exemplo é o caso de Ana Cláudia Gonçalves, que após oito meses de trabalho em uma loja de departamentos, decidiu pedir demissão devido ao desgaste físico e à falta de tempo para a família. “Pedi demissão porque estava exausta, não aguentava mais”, desabafou Ana, que agora se dedica a atividades mais prazerosas, como a costura.

Segundo Andre Purri, CEO da startup de RH Alymente, a busca por melhores salários, maior flexibilidade e qualidade de vida tem impulsionado esse movimento de demissões voluntárias. Além disso, a facilidade para abrir empresas e o crescimento do trabalho remoto têm incentivado muitos profissionais a buscar novas oportunidades que ofereçam mais autonomia. O economista Newton Marques, professor da Universidade de Brasília, também observa que o crescimento dos microempreendedores individuais (MEIs) reflete uma mudança no comportamento dos trabalhadores, especialmente os mais jovens, em busca de condições que atendam suas necessidades e objetivos profissionais.

Entretanto, os especialistas alertam para os desafios que podem surgir com a demissão voluntária. A falta de orientação adequada pode levar a riscos relacionados à segurança digital, uso inadequado de recursos e até ao endividamento. Rosa Bernhoeft, especialista em gestão de pessoas, recomenda que as empresas realizem pesquisas de clima organizacional e implementem mudanças com base nos resultados para reter talentos. Além disso, sugere que os funcionários reflitam sobre suas motivações para a saída e tentem dialogar com a liderança antes de tomar uma decisão definitiva, evitando assim arrependimentos futuros.

Fonte: Correio Braziliense

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