Descontos a aposentados do INSS aumentam 119%, revela CGU

Valores subiram de R$ 1,3 bi em 2023 para R$ 2,8 bi em 2024, com fraudes identificadas

Por Dominic Ferreira, 26/04/2025 16:11

Os descontos aplicados sobre os benefícios de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) dispararam 119% em 2024 em comparação ao ano anterior, conforme dados divulgados pela Controladoria-Geral da União (CGU). O valor total descontado saltou de R$ 1,3 bilhão em 2023 para R$ 2,8 bilhões em 2024, refletindo um aumento contínuo desde 2020. A CGU, em uma investigação abrangente, identificou irregularidades nos descontos de mensalidades associativas, que afetam principalmente aposentadorias e pensões.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Previdência Social

Uma auditoria realizada pela CGU, que analisou uma amostra de 1.273 aposentados e pensionistas, revelou que 97,6% dos entrevistados afirmaram não ter autorizado os descontos, e 95,9% disseram não fazer parte de nenhuma associação. Essa evidência levou à deflagração da operação “Sem Desconto” na quarta-feira (23), mobilizando cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU para cumprir 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal.

Durante uma coletiva de imprensa, o ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, explicou que muitos dos descontos eram fraudulentos, resultantes de falsificação de assinaturas e outros artifícios para simular a autorização dos beneficiários. Ele enfatizou que qualquer desconto deve ter autorização prévia do beneficiário e que as entidades precisam firmar um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS para realizar esses descontos. No entanto, 72% das entidades investigadas não apresentaram a documentação necessária ao INSS, apesar de realizarem os descontos.

Como resultado da operação, seis servidores públicos foram afastados, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Os investigados poderão enfrentar acusações de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de capitais. A CGU também prepara um novo relatório sobre as entidades visitadas, que deve ser divulgado em breve, trazendo mais informações sobre as descobertas da investigação em curso.

Fonte: CNN Brasil