Estudantes mais pobres têm menor aprendizado em leitura, aponta estudo

Análise revela que 49% dos alunos de baixa renda estão abaixo do nível básico de leitura

Por Dominic Ferreira,

Um estudo recente revela que os estudantes brasileiros com menor nível socioeconômico (NSE) apresentam um desempenho significativamente inferior em leitura. Apenas 26,1% dos alunos mais pobres do 4º ano do ensino fundamental alcançam um nível de aprendizado considerado adequado, enquanto 83,9% dos alunos de maior renda conseguem atingir esse patamar. A análise, realizada pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) com dados do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), destaca uma diferença alarmante de 58 pontos percentuais entre esses dois grupos, a maior entre os países participantes da avaliação.

Foto: Reprodução/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilSala de Leitura
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O PIRLS foi aplicado no Brasil pela primeira vez em 2021, e os resultados gerais foram divulgados em 2023, envolvendo 4.900 alunos de diversas escolas. A pesquisa mostra que 49% dos alunos de menor NSE estão em um nível de aprendizado abaixo do básico, em contraste com apenas 16% entre os alunos de NSE médio e alto. O diretor-fundador do Iede, Ernesto Martins Faria, expressou preocupação com os dados, afirmando que, embora exista um cenário de boa aprendizagem no Brasil, ele está disponível apenas para um pequeno grupo de estudantes.

Além das questões socioeconômicas, o estudo também revela desigualdades de gênero no desempenho em leitura. O percentual de alunos do sexo masculino com desempenho abaixo do básico é de 44,1%, superior ao das meninas, que é de 33,3%. Outro fator determinante é o contato prévio com a leitura; entre aqueles que tiveram essa experiência antes do ensino fundamental, 49,7% alcançaram o nível adequado, enquanto apenas 36% dos que tiveram contato ocasional conseguiram o mesmo resultado. Os hábitos de leitura dos pais também influenciam, com 47,6% das crianças cujos pais gostam de ler alcançando um aprendizado adequado, em comparação a apenas 32,6% entre aqueles cujos pais não têm esse hábito.

Diante dessas disparidades, Faria destaca a necessidade urgente de políticas educacionais que busquem reduzir as desigualdades. Ele defende que o Brasil deve direcionar recursos para regiões vulneráveis e garantir que bons professores atuem nessas áreas, além de melhorar a infraestrutura das escolas. "O Brasil tem que dar cada vez mais intencionalidade para políticas que olham para a equidade", afirma Faria, ressaltando que a promoção de uma educação de qualidade para todos é fundamental para o desenvolvimento social do país.

Fonte: Agência Brasil

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