Número de pessoas com deficiência no Piauí teve salto durante a pandemia

O estado retorna a 2001, quando tinha a terceira maior população de pessoas com deficiência

Por Alana Vargas,

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Piauí registrou a terceira maior proporção de pessoas com deficiência no país. Número que leva o estado para mais de 20 anos atrás, quando figurou nessa posição, em 2001. Desde então, o número vinha caindo e teve alta significativa durante a pandemia.

Foto: PixabayCadeira de rodas
O número de piauienses com alguma deficiência teve um salto durante a pandemia

No ano de 2022, cerca de 10,8% da população de 2 anos ou mais de idade no estado apresentava algum tipo de deficiência funcional, valor maior que a média nacional e regional. Essa porcentagem coloca o Piauí atrás apenas dos estados de Sergipe, com 12,1%, e Ceará, com 10,9%. 

Foto: IBGEPercentual de pessoas com deficiência por UF
Percentual de pessoas com deficiência por UF

O estado do Amazonas registrou a menor proporção, com 6,3%. A média nacional de pessoas com deficiência foi de 8,9%, enquanto a região Nordeste apresentou a maior média regional, com 10,3%.

Número de pessoas com deficiência cresceu durante a pandemia

O Piauí já havia alcançado esse ranking no ano de 2001, quando o percentual de pessoas com deficiência no estado era de 27%. No ano de 2010 o estado era o quarto e o percentual continuava em decadência.

Em 2021, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), coletados no ano de 2019 em parceria do IBGE com o MInistério da Saúde, mostravam o Piauí como o quinto estado com maior população de pessoas com deficiência, um percentual de 9,7%.

Durante a pandemia a quantidade de pessoas com deficiência escalou acima da média nacional e regional, e hoje, o estado volta a figurar no terceiro lugar da lista. 

Em 2020, durante a pandemia, grande parte das políticas de inclusão, prevenção e tratamento para pessoas com deficiências ficaram suspensas no estado, como os Centros de Reabilitação, responsáveis por auxiliar na superação de deficiências temporárias.

População de pessoas com deficiência não tem emprego

O Piauí apresenta um dos menores índices de participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Em 2022, apenas 24,9% das pessoas com deficiência no estado estavam ocupadas ou em busca de uma ocupação, representando menos da metade do indicador para as pessoas sem deficiência, que era de 58,8%.

Foto: IBGEParticipação na força de trabalho
Participação na força de trabalho

Em comparação com o restante do país, a participação no mercado de trabalho para pessoas com deficiência no Piauí é significativamente inferior. A média nacional para esse grupo foi de 29,2%, enquanto para pessoas sem deficiência foi de 66,4%. O Distrito Federal apresentou a maior participação de pessoas com deficiência na força de trabalho, com 42,2%, enquanto Alagoas registrou a menor, com 24%.

Perfil da população com deficiência no Piauí

A análise do perfil das pessoas com deficiência no Piauí, observou que a proporção é maior entre a população branca, atingindo 11,4%. Já entre a população preta, o indicador é de 11,2%, e entre a população parda é de 10,5%. No cenário nacional, a população branca apresenta a menor prevalência de deficiência, com 8,7%, enquanto a população preta apresenta a maior, com 9,5%, seguida da população parda, com 8,9%.

Em relação ao gênero, o indicador de pessoas com deficiência é maior entre as mulheres, atingindo 11,8% da população feminina no Piauí. No segmento masculino, o índice é de 9,8%. Esses indicadores estão acima da média nacional, que é de 10% para as mulheres e 7,7% para os homens. No total, aproximadamente 44,4% das pessoas com deficiência no Piauí são do sexo masculino, e 55,6% são do sexo feminino.

A análise por faixa etária revela que a proporção de pessoas com deficiência no Piauí supera a de pessoas sem deficiência a partir dos 40 anos de idade. Na faixa etária de 40 a 49 anos, por exemplo, 15,4% das pessoas têm alguma deficiência, enquanto 14,3% não apresentam deficiência. No Brasil, esse fenômeno ocorre um pouco mais tarde, na faixa etária de 50 a 59 anos, em que 16,8% das pessoas têm deficiência e 11,2% não têm.

O envelhecimento da população está associado ao aumento do percentual de pessoas com deficiência. No Brasil, em 2022, 47,2% das pessoas com deficiência tinham 60 anos ou mais, enquanto apenas 12,5% das pessoas sem deficiência estavam nessa faixa etária. Esse padrão se repete em todas as regiões do país, sendo que as regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de idosos com deficiência, ultrapassando 50% da população.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, conduzida pelas Nações Unidas, define deficiência como impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, em interação com barreiras sociais, podem obstruir a participação plena e efetiva dessas pessoas na sociedade. As informações da pesquisa do IBGE devem ser utilizadas para auxiliar na elaboração de políticas públicas que visem a melhoria de suas condições de vida.

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Fonte: Com informações do IBGE

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