MPF investiga ligação entre Banco do Brasil e tráfico de escravos no século XIX
O inquérito examina a relação entre a instituição financeira e o tráfico de pessoas negras escravizadas na história do Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) anunciou a abertura de um inquérito civil público para investigar a possível relação entre o Banco do Brasil e o tráfico de pessoas negras escravizadas durante o século XIX. Neste contexto, o MPF solicitou informações à presidência do banco, dando um prazo de 20 dias para que a instituição se manifeste sobre vários aspectos relacionados a essa questão.

O inquérito foi motivado por um documento apresentado por 15 professores e universitários de diversas instituições de ensino brasileiras e estrangeiras. Eles destacaram a importância de investigar e debater a responsabilidade de instituições brasileiras no que diz respeito à escravização ilegal de pessoas no século XIX, com foco específico no Banco do Brasil. Uma reunião entre a presidência do banco e os historiadores está agendada para o dia 27 de outubro na Procuradoria da República no Rio de Janeiro.
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Os historiadores alegam que a escravidão e a instituição financeira estavam interligadas, com o banco se beneficiando do tráfico de pessoas escravizadas. Documentos históricos apontam que o capital inicial do Banco do Brasil foi obtido em parte pela arrecadação de impostos sobre embarcações envolvidas no tráfico de escravos. Além disso, alguns dos fundadores e grandes acionistas do banco eram contrabandistas de escravos.
O procurador Julio José Araujo Junior destacou que este inquérito tem como objetivo examinar essa relação histórica e, se necessário, buscar formas de reparação, incluindo medidas simbólicas ou monetárias. Ele enfatizou a importância de revisitar essa parte da história para que não seja esquecida ou apagada.
Em resposta, o Banco do Brasil afirmou que a história do país e as relações com a escravidão devem ser constantemente refletidas e que a responsabilidade pela reparação histórica deve ser compartilhada por toda a sociedade. A instituição financeira destacou a assinatura de um protocolo de intenção com o Ministério da Igualdade Racial, visando ações para combater a discriminação racial e promover a inclusão das mulheres negras no mercado de trabalho, entre outros objetivos.
Fonte: Agência Brasil