Chapa vencedora é acusada de usar dinheiro ilegal em eleição na UFPI

Contas de chapa de professora Nadir levantam questões fiscais e de origem do dinheiro arrecadado

Por José Ribas Neto,

Uma das campanhas politicamente mais aguardadas deste ano foi a da reitoria da Universidade Federal do Piauí, visando o mandato 2024-2028. A campanha foi marcada por confusões e ataques, mostrando que título nunca foi sinal de decoro ou urbanidade. Mas é fato que mesmo a discussão de doutores que não sabem articular ideias e senhoras sindicalistas de carreira, passou despercebida pelos holofotes da grande mídia e população, exceto pelas colunas de fofoca e alguns burburinhos entre alunos politizados e professores durante as conversas de café. 

A eleição foi deixada de lado até mesmo pelo alunado, apesar da importância e até mesmo da interferência direta de um ministro (Wellington), um governador (Rafael)  e um presidente de Assembléia (Franzé) que escolheram lados e definiram seus votos, embora não votassem, mas influenciassem o presidente em exercício, Lula, na escolha na lista tríplice: Nadir.

Foto: Reprodução/Redes SociaisCandidatos da chapa 2, Edmilson Miranda e Nadir Nogueira, e o presidente ALEPI, Franzé Silva.
Candidatos da chapa 2, Edmilson Miranda e Nadir Nogueira, e o presidente ALEPI, Franzé Silva.

Entretanto, se a questão política assusta, as questões dos pormenores contábeis e jurídicos deixam muito a desejar. É o caso de denúncia que circula em redes sociais e sem autor definido das doações de campanha da vitoriosa ‘Chapa 2: Democracia, Reconstrução e Sustentabilidade’, liderada pela nutricionista Profa. Dra. Nadir Nogueira (candidata a reitora) e pelo químico Prof. Dr. Edmilson Miranda (candidato a vice-reitor).

Uma investigação do Portal AZ a partir das denúncias mostram questões profundas nas resoluções para as eleições, especificamente a Resolução Consun/UFPI Nº 192, datada de 21 de fevereiro de 2024, determina no artigo 24, em letras garrafais, que as despesas relacionadas à divulgação das candidaturas serão de inteira responsabilidade dos candidatos e dos grupos internos de apoio, sendo expressamente proibido o uso de recursos institucionais ou fontes externas à Universidade, em qualquer circunstância.

No entanto, isso não foi o que aconteceu. Entre as doações, estão dois valores que somam R$ 6 mil de Amariles Borba, médica que esteve à frente da Fundação Municipal de Saúde da capital (Teresina) por mais de 23 anos, doando R$ 3 mil em 18 de março e mais R$ 3 mil em 25 de abril.

Foto: Reprodução/Documento UFPIDoação de Amariles Borba
Doação de Amariles Borba

Outra doação não apenas viola o artigo 24, mas também um artigo anterior, o 22, que proíbe vínculos político-partidários. É o caso dos R$ 1 mil doados por José Venâncio Cardoso Neto, filho da ex-deputada do PT e agora conselheira do TCE, Flora Isabel. Venâncio viola o artigo 24 por não ser membro da UFPI em nenhum nível, nem ter formação na instituição, já que seus pais pagaram seu bacharelado em direito na Camilo Filho. Além disso, ele viola o inciso VII do art. 22, por ser vereador eleito e em exercício.

Foto: Reprodução/Documento UFPIDoação de Vereador Venâncio
Doação de Vereador VenâncioADUFPI

Outros fatos que chamam atenção incluem uma doação em dinheiro via depósito bancário sem definição do doador, além do nome obscuro ‘8397-14-Sop-Joquei Clube-Teresina’ e o valor de R$ 4 mil. Doações feitas em prol da campanha e posteriormente recebidas pelo doador, como o caso de Emídio Marques de Matos, também são notáveis. Fatores como doações contínuas de valores menores pelas mesmas pessoas levantam questões.

Porém, se nada disso parece claro, talvez a precisão das contas de Nadir e Edmilson seja o que precise ser avaliado. Diferentemente de outras chapas que tiveram gastos maiores ou menores do que a arrecadação, passando do valor recebido ou sobrando durante o pleito, a chapa 2 apresenta valores idênticos, recebendo R$ 63.940 mil e gastando exatamente a mesma quantia.

Tudo isso é um prato cheio para uma perícia fiscal ou, quem sabe, o necessário para se ganhar quando tudo o que for necessário pelo poder, seja o poder pelo poder, ou como disse Clausewitz:

"A guerra é a continuação da política por outros meios".

Fonte: Portal AZ

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