Pão de forma pode ter álcool suficiente para reprovar no bafômetro, diz estudo

Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou que algumas marcas populares de pão de forma contêm altos níveis de álcool. De dez marcas analisadas, três apresentaram quantidades de álcool que poderiam resultar em flagrante por embriaguez em testes do bafômetro.

Foto: Reprodução/Freepik

Em 3 das 10 marcas de álcool analisadas, motoristas estão sujeitos a flagrante por embriaguez no trânsito.

Entre as marcas estudadas estão Pulmann, Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold e Plusvita. O pão da marca Visconti apresentou uma concentração de álcool de 3,37%, o da Bauducco registrou 1,17%, e o Wickbold Sem Glúten, 0,89%. O Wickbold Leve e o Panco também mostraram níveis consideráveis, com 0,52% e 0,51% respectivamente.

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Segundo a legislação brasileira, bebidas com teor de etanol acima de 0,5% são classificadas como alcoólicas. Isso significa que as quantidades de álcool encontradas em alguns dos pães analisados estão acima do limite estabelecido para bebidas alcoólicas.

O álcool é um subproduto natural do processo de fermentação, necessário para fazer o pão crescer. No entanto, a maior parte desse álcool geralmente evapora durante o processo de assar os pães. A Proteste aponta que os níveis de álcool encontrados nas análises estão relacionados aos esforços das empresas para conservar seus produtos. Aproximadamente 10% de toda a produção de pães no Brasil é perdida devido ao mofo, levando as empresas a utilizarem um antimofo diluído em álcool para aumentar a durabilidade do produto.

A Proteste alerta que a quantidade de álcool deveria se dissipar antes de o pão chegar ao consumidor. No entanto, isso não está acontecendo devido à quantidade excessiva de antimofo utilizada. Como resultado, os pães estão sendo comercializados com teores alcoólicos significativos, sem que isso seja informado aos consumidores. A associação recomenda cuidado no consumo do produto, especialmente por crianças e gestantes.

O que dizem as marcas:

Bauducco e Visconti

A Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, esclareceu que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo o seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes.

Panco

A Panco, empresa com mais de 70 anos de presença no mercado brasileiro, afirma pautar sua atuação pela conduta ética e compromisso com a qualidade de seus produtos. A empresa atesta a adoção de práticas alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e ao cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos. Em resposta ao estudo da Proteste, a Panco informou que não foi notificada pela responsável pelo levantamento, desconhecendo, portanto, sua metodologia. A empresa esclareceu que não utiliza etanol na fabricação do pão, mas que ele pode resultar do processo de fermentação, sendo aceito pelas normas vigentes. A Panco também destacou que seus produtos chegam às lojas em até 48 horas após a produção, garantindo maciez, frescor e sabor.

Wickbold

O Grupo Wickbold, que detém a marca Wickbold e a Seven Boys, reforçou que todas as receitas de produtos seguem protocolos de segurança e qualidade, com o mais alto teor de controle, cumprindo toda a legislação vigente. A fabricante declarou que não foi notificada sobre o estudo e a metodologia utilizada, mas, após ter acesso ao mesmo, poderá prestar os esclarecimentos necessários, confirmando seu compromisso com ética, transparência e respeito às pessoas.

Enquanto as empresas defendem suas práticas, os consumidores devem ficar atentos às implicações do consumo de produtos com alto teor alcoólico, especialmente em situações sensíveis como a condução de veículos e o consumo por crianças e gestantes.

Fonte: Correio Braziliense