Investigação revela suspeita de cartel nacional da anestesiologia além do DF

Operação Toque de Midaz expõe práticas anticompetitivas que podem se estender a outros estados

Por Carlos Sousa,

O suposto esquema de monopólio na anestesiologia revelado no Distrito Federal pode ter ramificações em todo o país. As investigações da Operação Toque de Midaz, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, apontam indícios de que práticas semelhantes às identificadas em Brasília estariam sendo replicadas em outras unidades federativas, sugerindo a existência de uma articulação nacional entre cooperativas estaduais.

Foto: Reprodução/TJSPMáfia da anestesia
Máfia da anestesia

Durante a apuração, surgiram relatos que reforçam essa hipótese. Um dos episódios relatados envolveu um anestesista do Espírito Santo que teria sido advertido a se retirar de um hospital em Brasília por representantes de uma cooperativa de seu estado de origem. O incidente teria ocorrido após o rompimento da instituição hospitalar com o grupo dominante da capital, evidenciando uma tentativa de manter o boicote e preservar o controle do mercado local.

Essas informações fortalecem a suspeita de que o setor de anestesiologia vem sendo coordenado nacionalmente por cooperativas que se comunicam para proteger áreas de atuação exclusivas, impor tabelas de preços e retaliar profissionais dissidentes. Relatos sugerem ainda que práticas de formação de cartel, abuso de poder econômico e constrangimento ilegal são empregadas para manter a hegemonia desses grupos.

O histórico de práticas anticompetitivas no setor não é recente. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já havia investigado há mais de uma década o mercado de anestesiologia por formação de cartel, indicando a persistência de problemas estruturais.

No caso específico do Distrito Federal, as investigações apontam para um modelo de dominação que inclui:

  • concentração de médicos em uma única cooperativa;
  • fechamento de hospitais para novos profissionais;
  • imposição de valores superiores aos parâmetros de mercado;
  • ameaças e constrangimento a médicos que tentem atuar de maneira independente.

As práticas também envolvem o uso de grupos exclusivos em hospitais, cotas milionárias para a ascensão dentro da cooperativa e boicotes a instituições que tentam romper com o esquema. Segundo as autoridades, tais condutas impactam diretamente no aumento dos custos para planos de saúde, hospitais e pacientes, além de prejudicar a qualidade e o acesso aos serviços médicos.

A Operação Toque de Midaz já cumpriu mandados de busca e apreensão contra dirigentes da cooperativa investigada. Os suspeitos são investigados por crimes como organização criminosa, formação de cartel, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro. As apurações seguem em andamento, com a possibilidade de novos desdobramentos a nível nacional.

Fonte: Metrópoles

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