Após aprovação da minirreforma, Câmara Federal enfrenta resistência no Senado
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, declarou não ter pressa para a análise da proposta
A recente aprovação da minirreforma eleitoral pela Câmara Federal reacendeu o debate sobre a percepção de que os parlamentares estão legislando em benefício próprio. O projeto propôs uma flexibilização de algumas regras da lei eleitoral vigente, incluindo mudanças significativas.

Uma das principais alterações se relaciona ao sistema PIX. Atualmente, pessoas físicas só podem doar até 10% dos rendimentos declarados à Receita Federal, exclusivamente por meio da chave CPF. Com o novo projeto, essas doações poderiam ser feitas usando qualquer chave PIX e em qualquer valor. Além disso, o projeto propõe uma flexibilização na prestação de contas dos candidatos. Outras mudanças incluem a legalização das candidaturas coletivas para deputados e vereadores, a obrigatoriedade do transporte público gratuito no dia das eleições, a redução das punições a partidos e políticos que cometem irregularidades e a abertura de uma brecha para que as legendas possam contornar a cota mínima de 30% de candidaturas femininas nas eleições legislativas.
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O texto foi aprovado com ampla maioria pelos deputados federais, porém, após essa aprovação, uma nova discussão surgiu. Para que as mudanças entrem em vigor já nas eleições do próximo ano, a proposta precisa ser votada e sancionada pelo Senado até o dia 6 de outubro, um ano antes do pleito de 2024. Contudo, declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD – MG), indicam que esse processo não será simples.
Contrariando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP – AL), Pacheco afirmou que não se compromete a votar a minirreforma até o dia 6 de outubro e que a Casa Legislativa possui outras prioridades. Ele declarou à imprensa: "Não haverá de nossa parte nenhum açodamento. [...] O que eu considero necessário é que entreguemos um projeto de lei amadurecido, bem refletido e discutido pela sociedade e pelos senadores. Se, porventura, for possível conciliar um trabalho bem-feito com a implementação nas eleições de 2024, ótimo. Se não for possível, paciência. A prioridade é entregar um projeto amadurecido."
Embora a ideia inicial fosse que essa declaração não tivesse como alvo Arthur Lira, a pressa do presidente da Câmara é compreensível, uma vez que alguns de seus aliados devem concorrer a prefeituras em todo o país.
Essa discordância não é a primeira entre Pacheco e Lira, que também discordaram durante as discussões sobre a reforma tributária. Essas divergências levantam a questão de se essas ações indicam uma crise entre os dois presidentes devido à relação com o Palácio do Planalto e ao poder que a Câmara busca demonstrar a todo momento.
Fonte: Agência Senado