Lula Determina cancelamento de atos em memória aos 60 anos do Golpe Militar

A decisão busca preservar a relação com os militares, considerando a sensibilidade do tema

Por Dominic Ferreira,

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva instruiu seu governo a evitar qualquer manifestação em memória aos 60 anos do golpe militar. A decisão busca preservar a relação com os militares, considerando a sensibilidade do tema. Lula enfatiza a importância de não criar conflitos e destaca a mudança na geração das Forças Armadas. A orientação abrange atos, discursos e material alusivo ao período.

Foto: ReproduçãoLuiz Inácio Lula da Silva

Lula está pessoalmente envolvido na iniciativa de impedir manifestações governamentais em alusão ao golpe de 1964. Na última quinta-feira (7/3), Lula discutiu o assunto com o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, no Palácio do Planalto. A extensa programação do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, prevista para lembrar a data, está sendo revisada em conformidade com a posição do presidente.

Além disso, o Ministério da Justiça, sob a gestão do ex-ministro Flávio Dino, havia anunciado a criação de um Museu da Memória e da Verdade, financiado pela pasta e programado para inauguração em 31 de março. No entanto, o projeto está atualmente suspenso. As autoridades brasileiras, incluindo Dino e Silvio Almeida, discursaram no Chile no contexto dos 50 anos do golpe militar, mas a ordem agora é evitar o tópico de 1964.

Dentro do governo, a orientação de Lula é considerada uma "ordem expressa". O posicionamento do presidente, interpretado como a "outra face" da história, segue a decisão dos militares, através do ministro da Defesa, José Múcio, de não divulgar nota sobre o 31 de março. A orientação do governo enfrentará críticas de familiares e vítimas da ditadura, em meio às recentes declarações de Lula sobre aquele período.

Em entrevista à RedeTV com o jornalista Kennedy Alencar, Lula expressou seu desejo de não "remoer" o passado e enfatizou a necessidade de "tocar o país para a frente". E demonstrou maior preocupação com a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro de 2023.

"O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente", acrescentou.

A decisão de Lula de evitar alarde sobre os 60 anos do golpe militar afeta diversas agendas do governo. A Comissão de Anistia, por exemplo, teve planos para uma "Semana do Nunca Mais" engavetada. A atual postura de Lula sinaliza a improbabilidade de recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta no governo de Jair Bolsonaro. Um decreto com essa previsão está pronto há quase um ano, aguardando apenas a assinatura do presidente.

Fonte: Correio Braziliense

Comente

Pequisar