Mulheres ainda enfrentam barreiras nos partidos políticos, revela pesquisa

Livro analisa desafios enfrentados por candidatas e propõe maior participação feminina

Por Dominic Ferreira,

A participação feminina na política brasileira ainda é reduzida, representando apenas 17,7% da Câmara dos Deputados, um dos índices mais baixos da América Latina. Esse dado é discutido no livro Candidatas: os primeiros passos das mulheres na política do Brasil, de Malu Gatto (University College London) e Débora Thomé (Fundação Getúlio Vargas), que será lançado nesta sexta-feira (18) em Brasília. A obra explora os desafios enfrentados por 79 candidatas nas eleições de 2020 e 2022, com base em 188 entrevistas, revelando a luta diária dessas mulheres por espaço e reconhecimento no cenário político.

Foto: Reprodução/Antonio Augusto/Ascom/TSECapa
Mulheres ainda enfrentam barreiras nos partidos políticos, revela pesquisa.

Uma das principais dificuldades relatadas é a falta de apoio dentro dos próprios partidos. As autoras destacam que as mulheres encontram barreiras para acessar recursos e apoio prometidos, o que dificulta a jornada até a candidatura e a campanha. "Existe um descompasso muito forte na relação das candidatas com os partidos, independente de ideologia política", afirmou Débora Thomé, ressaltando que esse obstáculo afeta todas as mulheres, independentemente de suas convicções.
Além disso, o livro aborda a violência política que atinge de forma recorrente as candidatas, com relatos de agressões verbais e desrespeito, especialmente contra mulheres negras e transgêneros. Esse tipo de violência, segundo as autoras, está diretamente ligado à dinâmica partidária, agravando a dificuldade das candidatas em garantir recursos financeiros adequados para suas campanhas.
Para enfrentar essas desigualdades, as autoras defendem medidas como o aumento da participação das mulheres nas instâncias decisórias dos partidos e a ampliação das cotas femininas, hoje fixadas em 30%. Também sugerem a implementação de uma reserva de vagas no Congresso Nacional como forma de assegurar maior representatividade feminina no cenário político brasileiro.

Fonte: Correio Braziliense

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