Delegado revela fraudes com apostas e influenciadores à CPI das Bets

Casas ilegais usam contas falsas e publicidade enganosa para atrair apostadores

Por Viviane Setragni, 23/04/2025 07:40

O delegado Lucimério Barros Campos, da Polícia Civil de Alagoas, denunciou nesta terça-feira (22) à CPI das Bets que casas de apostas online ilegais e influenciadores digitais usam esquemas de enganação para lucrar às custas da população. Ele comanda a Operação Game Over, que investiga fraudes no setor de apostas e revelou que parte desses influenciadores simula ganhos em plataformas de apostas para atrair seguidores.

Foto: Reprodução / Saulo Cruz / Agência Senado Capa

Durante seu depoimento, o delegado explicou que muitas dessas casas de apostas utilizam intermediadoras de pagamentos clandestinas, que operam via Pix, dificultando o rastreamento do dinheiro e o bloqueio de bens. Segundo ele, só em uma investigação foram identificados R$ 15 milhões movimentados de forma ilegal.

Lucimério detalhou que influenciadores contratados por essas plataformas recebem "contas demo" – simuladores que permitem falsificar ganhos. Eles gravam vídeos fingindo ganhar dinheiro e publicam para convencer seguidores a apostar, numa propaganda enganosa e predatória.

O delegado defendeu a criação de uma legislação que responsabilize também as empresas que cometem fraudes contra a economia popular, conforme previsto na Constituição. Ele alertou que esse tipo de publicidade afeta especialmente pessoas em situação de vulnerabilidade, que acabam comprometendo suas finanças acreditando nas promessas irreais de lucro fácil.

A investigação também revelou sinais de lavagem de dinheiro e organização criminosa, com envolvimento de estrangeiros e uso de redes sociais para aliciar influenciadores. A CPI reforçou a urgência de regulamentar as apostas online no Brasil e cobrar impostos retroativos das empresas ilegais.

Senadores como Soraya Thronicke e Damares Alves parabenizaram o trabalho da polícia e lembraram que operações semelhantes já foram realizadas em diversos estados, desmantelando esquemas que movimentaram milhões de reais.

Fonte: Agência Senado