PL resiste à proposta de anistia articulada por Alcolumbre e apoiada por Motta

Articulação busca separar responsabilidades, mas gera divisão entre os parlamentares

Por Dominic Ferreira,

Integrantes do Partido Liberal (PL) estão mostrando resistência em relação à proposta alternativa de anistia que está sendo costurada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/08-01-2023Manifestantes durante atos golpistas do 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes
Manifestantes durante atos golpistas do 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes

Adiscussão sobre a anistia está em andamento nas cúpulas do Senado e da Câmara, mas alguns membros do PL consideram a iniciativa uma “meia anistia”, atribuindo a articulação a influências do Palácio do Planalto, especialmente após as recentes viagens de Alcolumbre com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Uma das principais preocupações em relação ao projeto é que ele não inclua a anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. Nesse cenário, parlamentares veem a proposta como uma oportunidade estratégica para contestar o que consideram erros nos julgamentos feitos pelo STF, especialmente em relação às condenações dos participantes dos eventos de 8 de janeiro. O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), expressou essa visão ao afirmar que a negociação para a redução das penas sugere que as punições anteriores foram excessivas e emotivas.

No âmbito da Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos principais articuladores do projeto de anistia, alertou que a oposição continuará a obstruir os trabalhos legislativos relacionados à proposta. O líder do PL na Casa criticou a interação entre as cúpulas do Senado, da Câmara e o STF, sugerindo que há uma tentativa da corte de legislar sobre o tema, o que ele considera inaceitável. Essa dinâmica adiciona uma camada de complexidade ao debate, uma vez que os membros do PL buscam assegurar que a proposta não comprometa seus interesses políticos ou jurídicos.

A proposta debatida por Alcolumbre e Motta visa punir os envolvidos nos atos de maneira proporcional aos crimes cometidos, distinguindo entre aqueles que organizaram os eventos e aqueles que cometeram infrações menos graves. Essa abordagem, segundo os parlamentares, busca “separar o joio do trigo”, mas a resistência do PL e a polarização política em torno do assunto indicam que o caminho para a aprovação da anistia será repleto de desafios e controvérsias. 

Fonte: CNN Brasil

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