Atraso de repasses da PMT para o São Marcos ameaça tratamentos oncológicos
Hospital diz estar sem condições de manter tratamentos; FMS contesta e cita repasses
O Hospital São Marcos, referência no tratamento de câncer no Piauí, anunciou nesta quinta-feira (24) que está enfrentando uma grave crise de financiamento, provocada pelo atraso nos repasses contratuais da Prefeitura de Teresina. A situação já comprometeu a continuidade dos atendimentos oncológicos e pode afetar diretamente mais de mil pacientes com câncer, que estão com seus tratamentos atrasados por falta de medicamentos essenciais.

Segundo a instituição, o problema decorre de 19 meses de atraso nos pagamentos por parte da Prefeitura, o que teria levado o hospital ao limite operacional. Ainda de acordo com a nota divulgada, foram repassados R$ 19 milhões nesse período, mas esses valores seriam originados exclusivamente do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), repassados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), sem contrapartida direta da gestão municipal.
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“O Hospital São Marcos segue pronto para continuar atendendo, mas precisa de condições mínimas para isso. Estamos abertos ao diálogo e à construção de uma saída conjunta, responsável e urgente com a Prefeitura”, afirmou o diretor técnico do hospital, Dr. Marcelo Martins, em entrevista à imprensa. Ele destacou ainda que a questão é de saúde pública, e não de natureza política.
Entre janeiro e abril deste ano, a instituição realizou:
Mais de 18 mil consultas oncológicas;
Cerca de 11 mil sessões de quimioterapia;
850 cirurgias de alta complexidade;
Mais de 300 internações pediátricas e 400 de adultos com câncer.
A média de custo por atendimento, segundo o hospital, é de R$ 1.400, valor considerado insuficiente para cobrir todos os custos com medicamentos de alto custo, equipe multiprofissional, insumos e estrutura hospitalar.
Resposta da Fundação Municipal de Saúde
Procurada pela imprensa, a Fundação Municipal de Saúde afirmou que já repassou, de 1º de janeiro a 14 de abril de 2025, o montante bruto de R$ 32 milhões ao Hospital São Marcos. Os repasses mensais, segundo a FMS, foram:
Janeiro: R$ 9,799 milhões
Fevereiro: R$ 13,540 milhões
Março: R$ 7,627 milhões
Início de abril: R$ 1,2 milhão
Esses recursos englobam a produção ambulatorial e hospitalar, FAEC (Fundo de Ações Estratégicas e Compensação), complementações da Sesapi, o piso da enfermagem e incentivos do sistema Íntegra SUS.
A FMS também informou que considera realizar uma auditoria financeira para esclarecer as causas da crise relatada pelo hospital. Além disso, apontou que o São Marcos teria uma dívida de R$ 31 milhões com a Fundação, relacionada a empréstimos consignados contratados com instituições financeiras. As parcelas estariam sendo descontadas indevidamente do teto mensal de média e alta complexidade, afetando o fluxo de recursos para o hospital.
Apoios e novos esforços
Segundo a FMS, o Hospital São Marcos também conta com outras fontes de financiamento:
- R$ 700 mil mensais de renúncia fiscal da Prefeitura;
- R$ 2,5 milhões mensais do Governo Federal;
- R$ 900 mil mensais do Governo do Estado do Piauí desde 2023;
- R$ 650 mil mensais como complementação da tabela SUS pela Prefeitura — suspensa devido à dívida declarada pela própria instituição.
O presidente da FMS, Charles Silveira, e o prefeito Silvio Mendes já se reuniram com representantes do Ministério da Saúde, em Brasília, e aguardam uma resposta concreta do governo federal. Em nota, Charles reforçou o compromisso da gestão municipal com a continuidade do atendimento oncológico. “A FMS tem como prioridade os pacientes e trabalha para garantir soluções justas e proteger o direito ao cuidado”, declarou.
O caso segue em aberto, com o hospital pedindo diálogo e ação emergencial, enquanto a FMS aguarda os resultados de possíveis auditorias e negociações em curso para regularizar os atendimentos. O espaço permanece disponível para novos esclarecimentos das partes envolvidas.
Fonte: Hospital São Marcos